segunda-feira, novembro 29, 2004

CESÁRIA ÉVORA ESTEVE NUMA SAPATARIA DE LISBOA

A notícia está já a gerar escândalo no sector mais ortodoxo das músicas do mundo. Cesária Évora, a diva da morna, foi vista neste passado sábado numa sapataria da baixa lisboeta. «A princípio, achámos estranho aquela senhora de cara meio tapada», conta ao IM Clotilde Ramos, caixa da sapataria A Lisbonense. «Trazia a cara tapada de tal forma», prossegue, «que eu até chamei o meu Manel para ele ver se não era aquela indecente da pedofilia, 'tá a ver, da Casa Pia».
Um conhecido especialista das músicas do mundo, que pediu ao IM para não ver revelado o seu nome, estava também na loja a experimentar umas botas de cano alto em couro de rena e foi através dele que se soube que era Cesária Évora que ali estava. «Reparei na marca do whisky que se podia entrever na mala dela», conta-nos Luís Rei. O episódio foi ainda confirmado pelo sr. Silvino, violinista invisual na Rua Augusta há mais de vinte anos: «Vi-a a sair da loja.»

domingo, novembro 28, 2004

KIMMO POHJÖNEN JA FOI “O PEQUENO KIMMO”



A notícia caiu como um bloco de urina gelado, daqueles que caem dos aviões, em Arruda-dos-Vinhos: O virtuoso acordeonista finlandês Kimmo Pohjönen nasceu Zé Mário Pereira, idolatra Quim Barreiros (daí o nome adoptado “Kimmo” quando emigrou para a Finlândia) e o seu pai é dono do Café Jovem da localidade.
O relato foi avançado pelo baterista e samplista islandês Salumi Kosminen (nascido Salomé Crestins) a poucos dias dos concertos de Pohjönen em Lisboa, Coimbra e Vila Nova de Famalicão. Kosminen também adiantou ao IM que «o Kimmo foi um sucesso em todos os programas de playback nos finais dos anos 70 na TV Helskinki. Era vê-lo semanalmente a ser convidado para tocar o “Ý Bakalla tahtoa Garlïc” ou o “Ké Rikas Sardinnë!” no Ý Big Show TVH. Claro que o declínio artístico surgiu quando lhe começou a crescer o buço. Depois disso nem a genial letra do “Der Gaïtta der Tï Mannëll” o safou.»
Quem não gostou «nada da brincadeira, pá» foi Juvenal Silva Peneda, programador cultural da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão (ali como quem segue na IC13 para Santo Tirso mas depois lembra-se que se esqueceu de meter gasolina na BP da Via Norte porque é mais barata e faz inversão de marcha para a Trofa): «Temo pelo sucesso do concerto depois desta revelação. O pessoal da terra ficou algo céptico a coisas destas desde o motim no Arraial Minhoto da Quinta de Santoínho em 1997 depois do concerto do Pequeno Saúl. Claro que esta porra tinha de acontecer logo agora que eu estava a preparar uma fornada de Bolinhos quentinhos de Alenquer para distribuir no final do concerto.»

quinta-feira, novembro 25, 2004

SHANE MACGOWAN RECORDA EMOCIONADO O 25 DE ABRIL

segunda-feira, novembro 22, 2004

NENA LANÇA REPTO NA INTERNET


«Quero ser canibalizada. Aceito pedidos individuais e colectivos. Já estou dividida em secções, para facilitar a operação. Não aceito especialistas em Informática. Nem mesmo "nerds" do IST. Também não aceito famílias numerosas pobres dispostas a comer qualquer coisa. Dou preferência a indivíduos com algum refinamento, capaz de reconhecer diferentes morfologias e de identificar fenómenos e características imperceptíveis à primeira vista. Ou seja, pensionistas e taxistas também ficam de fora. O ritual deverá ser vivido instante a instante, logo os asmáticos têm prioridade, pelo grau de dificuldade que impõem.
Não é garantido o registo integral em video e/ou audio, logo alguém pode ficar prejudicado. Não obstante, a Constituição alemã não prevê o canibalismo enquanto delito, logo o risco traduz-se no fundo a algumas incómodas idas a tribunal. Peso 60 kilos. Os analgésicos ficam, naturalmente, por minha conta

RAQUEL RALHA CABE NO BOLSO

É oficial. Raquel Ralha, vocalista dos Wraygunn, cabe no bolso das calças.
O rumor de longa data foi finalmente confirmado esta Sexta-Feira quando, no final de um concerto no Porto, Ralha saltou para dentro do bolso lateral direito das calças polacas com parzenice do baixista Sérgio Cardoso causando um total pasmo na assistência presente.
Assinale-se que deste modo, Raquel Ralha torna-se na primeira mulher a entrar literalmente para o grupo de “pitas indie tão giras que cabem no bolso das calças” para especial satisfação de Juvenal Silva Peneda, Vogal da Comissão Executiva do Departamento de Estudos Anglo-Americanos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e Presidente Honorário da Plataforma Columbófila do Alto da Arrábida: «Pá, eu andava a avisar que um dia destes isto ia acontecer. Ainda na semana passada persegui uma miúda indie gira p’a caraças pela Rua Júlio Dinis desde a cantina da reitoria de Miragaia. Mas quando reparei que ela virou para a Faculdade de Arquitectura desisti. Não valia o esforço».

quinta-feira, novembro 18, 2004

PLUTO PREPARAM EP DE NATAL PARA A STCP

Segundo o baterista Ruka, a banda portuense Pluto está a finalizar as gravações de um EP de edição limitada encomendado pela STCP – Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, a ser distribuído exclusivamente com o cartão Nicolau 2004. Os portadores de passe da Rede Geral também podem solicitar o EP gratuitamente, beneficiando ainda de um vale de 5 minutos semanais de acesso aos lugares para grávidas, pessoas com crianças de colo e idosos (válido das 14 às 18 horas em dias úteis).
Após a oferta de dois panachés com uma rodela de limão na esplanada do Café “O Fondue”, Ruka explicou ao IM que «o EP vai ser uma cena tipo... pá... ‘tás a ver?! Não tem nada a ver com o coiso pá... É isso. Pá é uma cena totalmente pá mesmo... E... Ok. Eu dou-te o numero do Manel e falas com ele.»
O vocalista Manuel Cruz confirmou as desenvolvidas declarações avançadas por Ruka, adicionando que «o Sr. Presidente do Conselho de Administração Engº Juvenal Silva Peneda foi a primeira pessoa a compreender verdadeiramente o significado das minhas letras. Disse-me que ficou comovido depois de ouvir “O 2 Vem Sempre Depois”. Foi o único que compreendeu que o 2 [n.r.: O Expresso Boavista-Maia] vem sempre depois do 41 e, consequentemente, depois de eu ser assaltado pelos maganos de Gatões no Bairro de Francos», acrescentou o músico.
Foi já um soluçante Cruz que revelou sentir-se «artisticamente falhado» por não fazer compreender «essa canalhada pseudo-indie deprimente» que o clássico “Raquel” «é sobre a história de um tipo que começa a correr para apanhar o 87 na Rua dos Bragas, tropeça na Raquel e começa a sangrar do joelho».
O IM conseguiu ainda apurar que, além de “O 2 Vem Sempre Depois” e de uma remix de “Raquel” produzida por aquele guitarrista dos Zen parecido com o Paulinho Santos, o resto do alinhamento será composto pelos originais “Juro-te que o 56 Passa Aqui (de 20 em 20 Minutos)” e “A Dama do 45 que Vai Para o Freixieiro”.

sexta-feira, novembro 12, 2004

MÃO MORTA NAS CARMELITAS



Braga, capital religiosa portuguesa por excelência, viu em tempos nascer por ironia do destino uma banda cuja postura viria desafiar os mais enraízados valores morais deste nosso mundo luso.
Mas ontem, numa inesperada cerimónia organizada na Igreja das Carmelitas em Lisboa, os Mão Morta comunicaram ao mundo a sua decisiva conversão à Ordem da Santa Cruz de Coimbra, fundada por São Teotónio em 1131. São Teotónio foi o primeiro santo da nação portuguesa a ser canonizado, sendo celebrado hoje pela Igreja como o reformador da vida religiosa em Portugal, era um missionário notável e detentor de uma visão bastante moderna para o seu tempo, e foi conselheiro espiritual do rei Afonso Henriques.
Num crescendo de estupefacção sentimos a perturbante angústia varrer os corações dos que assistiam ao místico comunicado. Para apaziguar a confusão e o pânico foram entregues saquinhos contendo enxofre e bolinhos feitos pelas irmãs do Convento de Mafra, saquinhos que fizémos questão de documentar aqui fotograficamente. Adolfo Luxúria Canibal, sempre intenso e já denotando um certo desapego das coisas terrenas, explicou que tudo tinha começado quando o baixista da banda, empolgado com a leitura de Eurico o Presbítero, fez notar o desalento e a vacuidade de e em tudo, e uma vontade imperetrível de continuar a minar o sistema, mas agora através do Amor Universal.
Hipnotizados pela força destas palavras e pela poesia discreta das coisas e das almas, sentimos a estranha força do Amor e em quasi-transe entrelaçámos as mãos, em uníssono rumando ao âmago da harmonia e da luz. São Teotónio parecia cantar connosco enquanto entoávamos os cânticos "Desmaia, Irmã, Desmaia", "Anjos Marotos", "Maria, Oh Maria", "Shambalah (O Reino da Luz)", "Eu Sou o Anjo do Desespero", "Anjos de Pureza" e "Bófia".

quarta-feira, novembro 10, 2004

MÚSICOS PORTUGUESES HOMENAGEIAM LOBO ANTUNES

Numa altura em que o escritor português António Lobo Antunes acaba de apresentar o seu último livro (intitulado "Eu Hei-de Amar uma Pedra") e é vítima de inúmeras homenagens, encontra-se em preparação mais um inusitado tributo. Desta vez será sob a forma de disco, onde vários músicos reconhecidos do grande público apresentarão temas inspirados na obra do eterno candidato ao Nobel. Entre os participantes desta iniciativa destacam-se nobres valores da música nacional, como Delfins, Jorge Palma, Toranja e Toy - no processo de selecção dos artistas deu-se primazia aos habitantes de localidades mais focadas pelo autor: Cascais, Estoril, Barreiro, Póvoa de Santo Adrião. Enquanto enrolava calmamente um charro, Jorge Palma, um dos principais promotores desta iniciativa, confidenciou ao IM todo o seu entusiasmo:
“Eu tinha decidido deixar-me destas coisas. Estava numa clínica de reabilitação e tudo. Mas quando ouvi falar deste projecto não resisti. É que isto tem tudo a ver comigo, eu sou fã do Lobo desde pequenino e confesso que sempre apreciei uma grande pedra!...”

O IM divulga em primeira mão o alinhamento deste disco-tributo, apropriadamente denominado "EU HEI-DE AMAR UMA GRANDE PEDRA!":

01. JORGE PALMA – “Livro de Crónicas”
02. TORANJA – “Segundo Livro de Crónicas”
03. ALEX (MR GAY) - “Os Cus de Judas”
04. NOBODY’S BIZNESS - “Auto dos Danados”
05. DIAPASÃO (COM MARANTE) - “Exortação aos Crocodilos”
06. XUTOS & PONTAPÉS - “Conhecimento do Inferno”
07. TOY - “Que Farei Quando Tudo Arde?”
08. PAULO BRAGANÇA - “Fado Alexandrino”
09. CLÃ – “Manual dos Inquisidores”
10. DELFINS – “As Naus”
11. JOSÉ CID - “O Esplendor de Portugal”
12. VICIOUS 5 – “Memória de Elefante”
13. LENA D’ÁGUA - “Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura”
14. QUINTETO TATI C/ GOMO C/ MARIA JOÃO C/ MARIO LAGINHA C/ ROSE BLANKET C/ LOTO C/ OLD JERUSALEM C/ DEAD COMBO C/ X-WIFE C/ RODRIGO LEÃO C/ BETH GIBBONS & participação especial de DEVENDRA BANHART - “A Ordem Natural das Coisas”

sexta-feira, novembro 05, 2004

KATE BUSH AO VIVO EM CACILHAS



Ela já cá está. A nossa câmara indiscretamente o confirma, capturando um raro momento de tranquilidade em que aprecia o Tejo, entre um pires de percebes e uma ida a Porto Brandão para dar atenção aos pescadores locais, dar entrevistas aos repórteres que aqui acorreram vindos de todo o mundo e supervisionar os preparativos para o espectáculo, um misto de teatro, dança, luta celta e puericultura. Espera-se um grande concerto, após o qual se retirará da cena pública durante 24 anos para gravar um álbum no castelo suspenso onde vive actualmente com o filho. Amar-te-emos sempre.

quarta-feira, novembro 03, 2004

GUSTAVO CALDEIRA REVELA DIGRESSÃO LUSO-ANGLO-SAXÓNICA

Gustavo Caldeira, perturbado cantautor e auto-proclamado “filho legítimo do sacana do John Lennon”, revelou pormenores sobre a sua digressão luso-anglo-saxónica numa conferência de imprensa presenciada pelo IM, uma amiga de infância e um duende budista de Hyderabad.
Actualmente a ultimar o seu álbum de estreia num estúdio mexicano fronteiriço, propriedade de um mariachi adepto do Rayos de Necaxa FC, Caldeira legitimou a sua extensa e pomposa digressão: "Eu vou começar esta tournée porque eu penso que temos de pensar nos outros, e os outros precisam de ouvir o meu trabalho. Eu acho que a música em Portugal tem muita qualidade. Eu acho que eu preciso de apoiar a música nacional. Por isso, eu vou apresentar o meu album em palcos mais alternativos. Eu gostei de ver o Nuno Markl a apoiar este meu projecto, que eu tenho desenvolvido desde que tenho 10 anitos.”
Questionado sobre o porquê da arriscada transição de cuecas para boxers, o compositor defendeu-se ao teorizar que “Eu, cá no fundo, sou um roqueiro, eu gosto da Yoko Ono, eu quero mudar o mundo com a minha t-shirt da União Soviética. Eu gosto do comunismo. Tu gostas do comunismo? Não interessa. Esta entrevista é sobre mim, não sobre ti. Eu sou músico para expressar aquilo que eu sinto."
Agendada para coincidir com as férias de Natal, a Caldeira Christmas Tour 2004 terá um início apoteótico nos WC do Santiago Alquimista para depois passar por locais tão emblemáticos como o Rei dos Leitões na Mealhada ou a Brixton Academy em Londres, onde Caldeira é precedido por um hype criado a partir de uma crítica negativa da Pitchfork.

Ao todo, serão quinze espectáculos, a cumprir entre 17 de Dezembro e 6 de Janeiro, mesmo a tempo para chegar a casa e desmontar a árvore de Natal:

17.12 - WC Homens do Santiago Alquimista, Lisboa
18.12 - Café Jovem, Arruda dos Vinhos
19.12 - Café Jovem, Bombarral
20.12 - Café Jovem, Gafanha da Encarnação
21.12 - Rei dos Leitões, Mealhada
22.12 - Café Jovem, Pessegueiro
23.12 - 2º Bar do 1º andar do Hard Club, Gaia
26.12 - Adega Cooperativa de Pedras Rubras, Maia
28.12 - Brixton Academy, Londres SOLD OUT
29.12 - Brixton Academy, Londres SOLD OUT
30.12 - Brixton Academy, Londres
02.01 - Marisqueira dos Pobres, Matosinhos
03.01 - Bordel Super-Pintas, Esmoriz
05.01 – Carruagem-Bar do Alfa-Pendular Porto-Lisboa
06.01 - Monsanto, 3ª prostituta à esquerda, Lisboa

segunda-feira, novembro 01, 2004

STOCKHAUSEN APRESENTA CONCERTO PARA QUATRO VIOLINOS E QUATRO SUBMARINOS

Aquele que é considerado por muitos o maior compositor vivo, Karlheinz Stockhausen, vai apresentar uma obra inédita em Portugal. Depois de há alguns anos ter chocado o mundo ao apresentar um concerto para quatro violinos em quatro helicópteros, Stockhausen volta a surpreender, desta vez com uma peça para quatro violinos em quatro submarinos. A apresentação mundial deste espectáculo vai decorrer em Portugal, fruto de uma parceria entre a Fundação Calouste Gulbenkian, Ministério da Cultura e o Ministério da Defesa. A gerir a organização deste projecto estará a Secretária de Estado das Artes e Espectáculos, Teresa Caeiro, que por demonstrar imenso à-vontade tanto na cultura como nos assuntos de defesa, vai articular todas as logísticas. Stockhausen já fez saber que não quer que o projecto meta água, mas ainda não obteve as garantias necessárias dos responsáveis. Questionado pelo IM sobre se não achava que se estava a repetir, uma vez que a mesma ideia já foi sido usada com helicópteros, Stockhausen respondeu:
“Porra, pá! Já é a quinta vez que me perguntam isso hoje… Primeiro foi o gajo do Público, depois o do DN, o da TSF, o do Jornal de Letras e até a Anabela Mota Ribeiro fez a mesma pergunta. Eu queria mesmo era ver um quinteto de pianos em pára-quedas, mas o senhor ministro Paulo Portas fez-me ver que aqui em Portugal não há disso, só submarinos. Assim a modos que foi o que se pode arranjar.”
O primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, ao ver que os camaradas de coligação estavam a ganhar demasiada visibilidade ao controlar o projecto, anunciou de imediato uma conferência de imprensa, onde comentou:
“Eu gosto muito de violinos. Só é pena que não sejam do Chopin, mas vou falar com o Rui Gomes da Silva a ver se convence o maestro a meter qualquer coisinha lá para o meio. Agora vá, desamparem-me a loja, que hoje ainda não tive a minha sesta.”