sábado, outubro 30, 2004

JP SIMÕES ABANDONA QUINTETO TATI. FUNDA HEPTETO TRUFFAUT.

JP Simões, vocalista do Quinteto Tati, chocou o meio artístico nacional, o seu scottish terrier e metade da comunidade flamenga de Bruxelas ao anunciar hoje o seu abandono da banda.
Em conversa com o IM, o compositor e pianista Sérgio Costa alega divergências artísticas, sociais e de gosto gastronómico como causas da dramática ruptura: “Eu bem lhe avisei depois do concerto de Sintra que o gajo já estava a abusar da minha paciência de católico conservador quando se esqueceu que o palhaço também foi com o Pai Natal no comboio ao circo. Mas a porra do verniz estalou quando ele fez aquela triste alusão ao onanismo anal do Coelhinho da Páscoa no Frágil. É que o coitado do animal pediu para guardar segredo. Depois de eu lhe pisar o pé e chamar-lhe «feio», só o vi a agarrar no Tapadinhas e numa beldade eslava e a correr pelo Bairro Alto até tropeçar no José Figueiras que estava a fazer sei lá o quê a sei lá quem num rape corner.”
Após um pequeno recado ali à mercearia da D. Nani, o IM apurou que JP Simões está a preparar um projecto alt.cabaret (provisoriamente denominado Hepteto Truffaut) com Daniel Tapadinhas, trompetista e homem sem personalidade jurídica, 4 duendes em permanente delírio vaudeville e uma beldade eslava a servir dry martinis.

sexta-feira, outubro 29, 2004

PRESSÕES NO DN ATINGEM A CRÍTICA MUSICAL

As suspeitas de pressão governamental sobre diversos orgãos de comunicação atingiram hoje o seu ponto mais insólito. Fontes anónimas garantem que a crítica de Bernardo Mariano a um inédito Concerto para Violino de Chopin, alegadamente interpretado em Irkutsk pelo violinista Maxim Vengerov, é uma criação do governo liderado por Santana Lopes e imposta pelo próprio ao crítico do Diário de Notícias.
Em resposta às acusações, o Primeiro Ministro respondeu que «Portugal é um país livre. Cada um pode escrever sobre o que quiser, nomeadamente sobre os Concertos para Violino de Chopin, que são dos que mais gosto.» Foi, aliás, a famosa preferência de Santana Lopes pelos inexistentes Concertos que fez levantar a suspeita de pressões.
Henrique Silveira, autor do blog “Crítico” e especialista em música clássica, afirmou desconhecer qualquer Concerto para Violino inédito composto por Chopin, embora «se pudessem fazer uns quantos com o número de notas a mais que o Vengerov toca nos recitais

quinta-feira, outubro 28, 2004

FABRICE MORVAN FALA NO CENTRO DE IDOSOS DE MELIDES



O ex-Milli Vanilli faz as pazes com o passado e acede ao chamamento dos fãs mais acérrimos. Neste caso, os velhinhos de Melides e os estudantes de Contabilidade do Instituto Piaget, mesmo ali ao lado. Oliver Brossard, proeminente académico e fã nº 1 de Fabrice, fez questão de estar presente neste encontro e daqui acabou mesmo por surgir um estudo, entretanto já passado a livro: "De um Colapso a Outro".
Melides revelou-se assim um verdadeiro foco de infecção da febre fabriciana, o que constituiu uma agradável surpresa para o orador do dia. Menos fervorosos estavam no entanto os caloiros do curso de Psicologia Social que, embora curiosos, mostraram sempre um certo desdém pelo «black manhoso», como lhe chamaram.
No fim desta celebração não nos restaram dúvidas quanto às motivações que levam alguém a cortar as tranças compridas, reduzir o enchumaço e passar a usar uma afro bacana - um grande amor pelos idosos. O director do centro manifestou-se: «Os seus métodos podem não ser os mais adequados, mas é dotado de uma forte intuição». A octagenária que o acompanhava rematou: «Ele é simples mas delicioso!»

quarta-feira, outubro 27, 2004

VANDERMARK OU VANDERMARKS?

Foi finalmente encontrada a explicação para a excessiva produtividade criativa de Ken Vandermark: o saxofonista tem vários clones. Está assim explicada a razão de só este ano já terem sido editados 43 discos em nome próprio e 74 em colaborações diversas. O mentor de Vandermark5, Spaceways Inc., DVK, Tripleplay, entre muitos outros agrupamentos, foi clonado em criança. Esta revelação é anunciada no livro "Mais Rápido Que o Som (A História de Uma Especulação Científica e Outras Asneiradas)", publicado por um português emigrado na América chamado João Eu-É-Mais-Queijo. Na altura, o português colaborava no departamento de higiene e limpezas de um laboratório científico de Chicago que explorava secretamente a clonagem. Enquanto procedia à limpeza das instalações da redacção do IM, o ex-emigrante contou o que realmente aconteceu:
"Isso da ovelha Dolly ser o primeiro clone é um perfeito disparate. A ideia original era clonar a Dolly Parton, mas cedo se desistiu porque envolveria demasiado silicone e o Departamento de Estado, apesar de ao início ter achado a ideia gira, cancelou o projecto por falta de verbas. Para que a investigação desenvolvida até então não fosse desperdiçada, a alternativa foi raptar um miúdo que ia a passar na rua a assobiar. Foi clonado e devolvido à rua. Os pais nunca deram por nada. Fizeram-se várias cópias do rapazito e depois é que percebemos que os putos até tinham jeitinho para tocar pífaro."
Contactado, o Ken Vandermark dos Spaceways Inc, desmentiu categoricamente esta hipótese, o Ken Vandermark dos DVK não confirmou nem desmentiu e o Ken Vandermark dos Tripleplay anunciou que estava a acabar de gravar um novo disco a ser editado na próxima semana pela Clean Feed.

THE GIFT NA TAÇA UEFA

Prestes a lançar o quarto álbum, os The Gift anunciaram hoje, em conferência de imprensa, que vão participar na edição 2005/06 da Taça UEFA, como forma de cimentar a sua posição no mercado europeu.
Confrontado com o facto da Taça UEFA ser, por tradição, uma prova aberta unicamente a equipas de futebol que se tenham distinguido na classificação de provas nacionais, Nuno Gonçalves revelou ao IM que "os Gift não são menos do que um Nacional da Madeira ou um Braga" e diz-se confiante "numa boa participação, que dignifique o país". De acordo com Gonçalves, "os Gift têm mais quilómetros nas pernas do que um Paulo Almeida, por exemplo".
Ciente das dificuldades, o principal compositor da banda de Alcobaça não teme adversários. "Com o novo formato, é mais fácil os Gift mostrarem-se à Europa e se os Gift tiverem sorte pode ser que os Gift consigam ir mais além e fazer coisas bonitas", adianta o músico. Por sua vez, Sónia Tavares, a voz do grupo, chama a atenção para a força emergente "do futebol de leste, muito frio e com bons executantes" e para a "sempre aguerrida escola britânica". Revela, contudo, a intenção de se bater de igual para igual com qualquer adversário que lhe caiba em sorte, sem que para isso - contrariamente ao que dizem alguns boatos - necessite de recorrer a aditivos hormonais.
Os planos dos The Gift não ficam, porém, por aqui. A banda de "Ok, Do You Want Something Simple" deu conta ao IM de que garantiu já um "wildcard" para a próxima edição do Torneio de Wimbledon.

PROFESSOR FALA POR FIM



Após semanas de um eloquente silêncio, Marcelo Rebelo de Sousa revela aqui em exclusivo as verdadeiras razões que o levaram a sair da TVI. Este ano lectivo, em quase tudo muito parecido aos anteriores mas muito mais divertido, foi marcado também por uma exorbitante subida do custo dos manuais escolares, o que desencadeou no Professor de Portugal uma revolta interior sem precedentes. Instigado por uma consciência social até agora desconhecida até de si próprio, Marcelo decidiu abandonar todas as suas actividades para poder dedicar-se de corpo e alma a um só projecto. Foi assim que se juntou aos Censurados, a mítica banda portuguesa que merece o seu olhar atento e a sua incontestada admiração desde a sua formação em 1988.
Imediatamente o impulsivo professor tratou de tomar algumas medidas, necessárias para tornar o projecto minimamente credível e um pouco menos ofensivo, «para que a mensagem chegue ao maior número de pessoas possível». Começou por chutar da banda o João Ribas («não quero cá drogados, precisamos é de cérebros despertos e politicamente activos») e por fazer algumas alterações no já velhinho álbum "Confusão" (a faixa "Americano Gordo" passou a chamar-se "Estado-unidense com uma Disfunção Alimentar", e "Kaga na Kultura" passou a chamar-se "Não Ligues aos Kotas"). «Agora sim, creio termos as condições necessárias para que qualquer pensador-livre possa fazer nesta banda todo o tipo de crítica social, política e literária». O primeiro single, "Despertar 2 - Fichas de Trabalho de Língua Portuguesa 2º Ano", sai já para a semana, e integrará a Banda Sonora Original da série "Ana e os Sete".
(*imagem de ctx*)

terça-feira, outubro 26, 2004

DELFINS REMISTURAM TEMA DE "DIREITO DE ANTENA"

Depois de um surpreendente registo em que grupos punk interpretam alguns dos temas mais conhecidos dos Delfins, a banda de Miguel Ângelo prepara-se agora para dar a conhecer um EP de edição limitada com distribuição exclusiva a detentores do cartão da casa do T-Club há mais de três anos.
"A ideia é agradar tanto a gregos como a troianos. Ao chegarmos ao público punk, mais desgrenhado e a cheirar a sovaco, estamos provavelmente a desiludir alguma da nossa audiência mais limpinha, aquela que só compra o que já ouviu. Era preciso recompensar aqueles que nos pagam os luxos", declarou ao IM fonte do management da banda de Cascais.
O conceito deste EP, intitulado "Sou Como um Tio", surge de uma ideia de Pedro Rolo Duarte, editor do DNA, e tem como principal atractivo uma inusitada remistura do tema do "Direito de Antena", o espaço televisivo que a lei prevê para utilização dos partidos políticos e associações cívicas.
Sobre a revisão de um tema tão popular, Miguel Ângelo revelou ao IM que "vai ser difícil reconhecer ali o «Direito de Antena» de tantos e tantos anos", tendo a banda de "A Baía de Cascais" procurado "dar a volta a uma das canções mais complicadas do nosso imaginário". O IM já o ouviu e garante que aquela parte do "pa pa pa pa pa pa pa pa pa-ram pa pa-ram-ram" foi preservada.

SÓSIA DE DEVENDRA BANHART PODERÁ TER FEITO RUIR ESTAÇÃO DE METRO DE ARROIOS

Numa semana marcada pelo encerramento do túnel ferroviário de Campolide por motivos de segurança, os transportes da capital portuguesa sofrem mais um duro revés no seu normal funcionamento. Desta vez tratou-se de um aluimento de terras em plena estação do Metro de Arroios, no átrio que conduz à Praça do Chile.
De acordo com fontes policiais, os utentes do metropolitano de Lisboa que, às 9 da manhã de ontem, esperavam naquela estação o transporte para o Cais de Sodré, depararam com vibrações estranhas em todas as estruturas da estação, facto que não era, declaradamente, provocado pela proximidade de qualquer comboio. "Até as máquinas de picar o bilhete vibravam", disse ao IM João Paulo Bornal, que àquela hora se dirigia para o seu local de trabalho.
Outros relatos falam de "um tremelique inexplicável, parecia o vibra-call de um telemóvel quando o bolso das calças está furado e o celular resvala para a zona pélvica". Maria Angelina Rosmaninho, chefe da estação de Arroios, dá conta de "uma espécie de tremor de terra sincronizado, muito rítmico, com trepidações muito constantes".
A estação ficou parcialmente destruída, esperando-se que as obras de reconstituição demorem cerca de seis meses. Até ao momento, as entidades policiais não avançaram com explicações oficiais para o sucedido - a inspecção de obras públicas ainda há dois meses havia classificado a estação de Arroios como sendo de "segurança máxima" - mas, à hora do sucedido, foi avistado um sem-abrigo em tudo semelhante ao cantor e compositor Devendra Banhart a fugir, de guitarra na mão, em direcção à Alameda Afonso Henriques, uma pista que a polícia promete aprofundar.

segunda-feira, outubro 25, 2004

SPRING HEEL JACK DESPEDEM MATTHEW SHIPP POR SMS...

A notícia caiu que nem uma bomba na comunidade melómana mundial. Exaustos das experiências esotéricas de Shipp, John Coxon e Ashley Waves (dupla que se iniciou na drum’n’bass e tocou numa banda filarmónica de uma pequena cidade da Cornualha antes de renovar a imagem do free-jazz para o século XXI) dispensam Shipp por mensagem escrita e iniciam contactos com Duke Elligton para renovar um repertório que, segundo a sua própria opinião, “havia estagnado num beco sem saída aparente”.
Duke, homem de poucas palavras, não confirmou o convite, respondendo apenas que, apesar do pouco tempo disponível e do ar pálido, se encontra bem de saúde, encantado com a proposta e disposto a colaborar em qualquer projecto com o qual se sinta minimamente identificado, desde que, e passamos a citar, "alguém deixe a porta aberta".
No entanto, o IM sabe, em primeira mão e rigoroso exclusivo, que as notícias do despedimento não correspondem inteiramente à verdade. Fonte não identificada, citada pelo irmão de Coxon, confirmou à nossa reportagem que o irmão da fonte apenas enviou algumas mensagens enganadoras sobre a hora e os locais de ensaio, despistando Shipp ao ponto de este ter sido visto em Osaka às 3 da manhã, perdido e nu, à procura, sem sucesso, de “uma tal Adega Monhé”.

...GRAVAM OPERETA...
Entretanto as boas notícias não acabam por aqui. Magoados com alegadas críticas que insinuavam a presença da mesma música em 4 discos diferentes – ao que a banda argumenta tratar-se somente de uma coincidência - os SHJ adoptam um novo passo na sua carreira rumo ao sucesso interplanetário, agora que a ideia de mudar de nome para Underground Heel Funk parece estar posta de parte.
“Jorge morreu e voltou a morrer (de emoção) depois de ressuscitar ao terceiro dia” surge dividida em três actos com 24 cenas cada, com uma duração aproximada de alguns minutos e 10 segundos por cena, sob um cenário impressionante e a colaboração nas vozes de mitos vivos como Nat King Cole, Mel Tormé, Sammy Davis Jr e Tom Waits. Apesar de algumas dúvidas não confirmadas, a temática é séria e culmina com um épico final de 20 segundos de feedback sob a declamação repetida da frase “Cristo, aliás Jorge, anda cá abaixo ver isto depressa.” Aparentemente sobre os problemas do alcoolismo no interior galês e a influência nefasta do preço do gasóleo agricola nas lutas fratricidas entre o bem e o mal, a opereta resume-se em 3 linhas: Cris...erm ... Jorge – numa das suas raras aparições em público e acompanhado pela sua nova namorada, Fátima qualquer coisa - desce à terra e foge de seguida para local incerto.
Seguindo os trâmites habituais do processo, a opereta irá ser posteriormente editada em cd lá por alturas do Natal. Confrontado pela reportagem do IM com o facto de um cd bem apertadinho apenas permitir 80 minutos de música e a opereta exceder em 2 minutos e meio esse tempo, Coxon respondeu, incapaz de esconder um certo mau humor até aqui desconhecido, que “isso já não é problema meu”.

...E ACTUAM NA INAUGURAÇÃO DE UM SUPERMERCADO EM CAMPO DE OURIQUE
"Hoje, às 22 horas. No sítio do costume. Avisem o Matthew." (citação de um fax enviado esta manhã à redacção do IM)

ENTREVISTA: CODECHRE

O IM deseja boa saúde à música portuguesa. Sacámos do estetoscópio e andámos por aí a tirar o pulso às músicas que por cá se fazem. Fomos ao encontro dos músicos, dos artistas, das groupies. Para o arranque desta rubrica, tivemos o grato prazer de entrevistar os Codechre.

Como surgiu o projecto Codechre?
Eu e o Zé Francisco estivemos numa banda hardcore, os Codec Santos. Quando entrámos na Faculdade de Arquitectura, começámos a ver a música de outra forma. Queremos expandir as nossas possibilidades, integrar outros conceitos, fazer algo de novo. É isso que define Codechre.

Vocês quando estão em palco, estão a jogar CM4 nos laptops, não é?
Nem sempre. Às vezes temos trabalhos da faculdade para entregar no dia seguinte e aproveitamos a altura para os fazer.

Então e projectos para o futuro?
Queremos fazer uma instalação inovadora. Vai ser na aldeia dos macacos. Levaremos um microfone Sennheiser MKH 800 ligado a um laptop que retarda e reverberiza o som ambiente, projectando-o depois no PA que estará instalado à volta de todo o recinto. Isto vai criar, perante a comunidade dos macacos aí residente, uma certa noção de aumento exponencial do número de indivíduos. Queremos provar que as multidões fazem a força apenas pelo som que emitem. Os macacos vão pensar que são aos milhões e vão sublevar-se (felizmente, teremos um corpo de polícia de choque especialmente destacado para o efeito). Esta ideia foi já experimentada nos nossos concertos. Quase ninguém aparece, mas quando aplicamos isto, parece que estamos a tocar para um estádio. É magnífico.

domingo, outubro 24, 2004

NINE INCH NAILS ADIAM NOVO ÁLBUM PARA OUTUBRO DE 2054

....dedicado à temática da Criogenia. E das drogas, claro.

Os rumores que apontavam um novo álbum dos Nine Inch Nails para 2005 foram avassaladoramente cilindrados depois do produtor Alan Moulder ter admitido à redacção do IM que Trent Reznor «se esqueceu completamente do álbum», mas que para compensar «está a pensar gravar um disco de spoken word sobre os malefícios do consumo exacerbado de drogas, assim que acabe o Super Mario World 2».
Moulder revelou ainda que Reznor tem a ideia de gravar o sucessor de “The Fragile” depois de transportar o estúdio da Nothing Records de New Orleans para a Ilha do Pico, onde pretende gravar ruídos vulcânicos. «Claro que tenho conhecimento que não existem vulcões activos no arquipélago dos Açores» - respondeu o produtor. «Mas tente dizer-lhe isso. Ainda me lembro daquela choradeira quando lhe disse no ano passado que os Smiths tinham terminado há 16 anos. Não quero passar por isso outra vez.»
Contactado pelo IM a propósito da gravação do disco de spoken word, Trent Reznor admitiu já ter concluído as bandas sonoras para os próximos 5 filmes de Terrence Malick, um album de remisturas d’”Os Amigos do Gaspar” e 1 EP sob o pseudónimo “Stealing Orchestra”. Sobre o album de spoken word, Reznor ripostou que «Não passa tudo de uma piada de mau gosto. Ah! E o novo album dos Creed é do camandro!»
Enquanto mergulhava o dedo indicador direito numa jarra de manteiga de amendoim, o guru do metal industrial teve ainda tempo para refutar os boatos que designavam um simbólico concerto dos Nine Inch Nails na inauguração da Casa da Música do Porto.

JP SIMÕES MUDA DE NOME

JP Simões, cantor e compositor dos Belle Chase Hotel e, mais recentemente, do Quinteto Tati, revelou ao IM que vai, a partir do mês de Dezembro, fazer-se conhecer por JB Simões.
A alteração é mínima mas já está a provocar alguma celeuma no meio musical nacional. Isto porque o músico português - que já fez parte de uma formação dos Pop Dell'Arte - vai adoptar a designação do seu patrocinador, a marca de whiskey JB.
"Um gajo tem que se virar. Hoje em dia quem não caça com haxe, caça com coca. Isto é um exemplo. Podia falar-te de esquilos e doninhas mas aí já metia ao barulho o Pacman e eu não tenho nada contra ninguém mas especialmente tenho tudo contra mim. Acho que é o Luiz Pacheco que diz que de manhã somos a iluminação, à noite somos cagalhão. Eu estou como ele: as noites para mim têm o cheiro dos confins. As entranhas nem sempre me dizem que sim ou que não; estão lá. E uma pessoa, por inércia ou desespero, vai ficando", começou por dizer-nos JP Simões antes de o abanarmos com força.
"A verdade é que já há bandas que vestem Carhartt, há tipos com ténis de uma marca, o sovaco a cheirar a outra. Eu assinei um contrato de dois anos com a JB. Eu bem queria também um acordo com a Gitanes mas parece que há um conflito institucional. Fiquei-me pela bebida", adiantou Simões ao IM. "Até há uns tipos do Porto que agora têm uma active-drink, pá. Eu fico-me pelo trivial e ainda devolvo as garrafas vazias!", concluiu.
Questionado sobre as contrapartidas que tal acordo poderá proporcionar, a agora denominado JB Simões foi vago. "Não se pode pedir tudo de uma vez. O mal dos músicos portugueses e desta cidade em particular é querer-se um prédio no Chiado quando só nos podem dar uma barraca na Curraleira. Uma pessoa tem que ser realista e se não há nada para além do que há, fica-se com o que se tem. E convenhamos que um contrato com a JB é bem melhor que um patrocínio das pastilhas Gorila ou da TVI, não é? Eu bem lhes quis impingir JB Mourinho mas os tipos não foram nessa".

RUI VELOSO DOA CARRO AO PAPA

Depois de ser agraciado com um Ferrari de Fórmula 1 novinho em folha, o Papa João Paulo II acaba de saber que o músico português Rui Veloso tem como intenção doar ao Vaticano o famoso carro da capa de "Ar de Rock", álbum de estreia do artista e considerado o disco mais importante do "boom" do rock português.
De acordo com Rui Veloso, "está na altura do Papa começar a perceber em que situação se encontra a música portuguesa e dar-lhe o carro de «Ar de Rock» é tão simbólico como doar o fígado do Jorge Palma ou aquela branca no cabelo do João Gil. Só que um carro é um carro e aquele pode não ser um Ferrari mas só passa música boa e portuguesa no autorádio, um velhinho leitor de cartuchos de duas pistas que pertenceu ao meu avó em Angola".
Confrontado com algumas opiniões, segundo as quais "esses Venham Mais Cinco estão a ir longe demais", Veloso adianta que "a guerra ainda está no início, ainda nem puxei o lustro à carabina". E revela ao IM, em primeira mão, que a Associação de que faz parte pretende, em fins de semana consecutivos, "oferecer um galo de Barcelos, uma farinheira de Beja e o vocalista dos Pólo Norte a George W. Bush e pôr o David Fonseca a tocar nu no Estabelecimento Prisional de Alcoentre".

NORTON ANTIVIRUS VAI DETECTAR XUTOS

A Symantec, empresa responsável por um dos programas mais populares no combate a vírus informáticos, anunciou na passada terça-feira uma nova versão do Norton Antivirus que já reconhecerá ameaças escondidas em ficheiros MP3.
Uma das novidades do novo Norton Antivirus - a ser lançado no início de 2005 - vai ser a capacidade do programa se adequar rapidamente às realidades locais, com base num motor de análise de reincidências. De acordo com John McAllistair, director executivo da Symantec, "o Norton Antivirus 2005 saberá, ao fim de duas semanas de utilização, a diferença entre um MP3 dos Radiohead e um ficheiro do mesmo tipo dos Toranja". O segredo passará por uma análise exaustiva de algoritmos que permitirá identificar vírus até hoje incógnitos e que, segundo McAllistair, "são o terror silencioso do mais comum utilizador de um PC multimédia".
Com a versão 2005 do Norton Antivirus será, por fim, possível erradicar de qualquer disco rígido, ficheiros MP3 infectados com o vírus worm.xutos.pontapés, prevendo-se que a eficácia seja plena, já que o programa está preparado para identificar as variações worm.xutos.cabeças.no.ar, worm.xutos.rio.grande e mesmo o velhinho worm.xutos.resistencia. Periodicamente, serão disponibilizadas na página da Symantec actualizações que permitirão, a curto prazo, proteger qualquer computador pessoal contra vírus tão insistentes como o trojan.uhf, w32.jel ou backdoor.mafalda.veiga.

PEDRO CAMILO ESQUECE A SUA PROFISSÃO

Pedro Camilo, ex-elemento dos Sétimo Céu e artista a solo de há uns anos para cá sem que um número equivalente a metade dos associados do Grupo de Pescadores de Robalo de Vila do Conde disso se tenha dado conta, sofreu um duro revés na sua experiência na Quinta das Celebridades, "reality show" emitido diariamente pela TVI.
De acordo com o departamento médico da TVI, o cantor de 29 anos sofreu ontem uma amnésia "súbita mas selectiva" que, contudo, não lhe causou danos de maior se exceptuarmos o facto de Camilo, voz de um dos temas da banda-sonora da novela "Morangos Com Açúcar", se ter esquecido completamente da sua profissão, a de cantor e compositor dos seus temas.
"Trata-se de uma doença raríssima do foro psicológico que costuma afectar pessoas com uma personalidade fraca e indefinida, incapazes de provar o seu valor na sociedade e com uma confiança cega na eficácia da sua economia verbal", declarou ao IM José Fragateiro, psiquiatra de serviço na Quinta da Baracha, entre as 9 da manhã e o meio-dia.
De acordo com a mesma fonte, após alguns exames rotineiros, "Pedro Camilo recorda-se de todos os aspectos relevantes da sua vida, do nascimento das suas irmãs à farfalheira resultante da sua alergia a coiratos que o safou da tropa". No entanto, quando se pede ao cantor que enumere os seus feitos profissionais, a resposta é um silêncio incompreensível.
Fragateiro atribui a situação a um excesso de stress do artista que, como é sabido, tem estado exposto a esforços que, até hoje, não tinha conhecido. O estado psicológico decorrente dessa situação traumática é definido pelo médico como "Fadiga Reflexa", que consiste no cansaço provocado "pelo facto de Camilo estar, constantemente, a ver os outros trabalhar". O IM contactou o psiquiatra Daniel Sampaio que corroborou a opinião médica da equipa da Quinta e definiu a situação como "um daqueles casos que a sabedoria popular costuma resumir numa frase: «só de ver já se cansou»".
O que é certo é que o esquecimento selectivo de Camilo está a provocar algum mau estar entre os residentes da Quinta. "Já não bastava aquele cheirinho a sovaco e agora é isto", desabafou com o IM uma conhecida habitante daquela peculiar exploração agro-pecuária.
Contactado telefonicamente pelo IM, o cantor revela-se consciente da sua situação e, perante a nossa insistência em não revelar o ofício que Camilo abraçou, mostrou alguma impaciência: "Contabilista? Vendo na feira? Epá, varreu-se-me!".

sábado, outubro 23, 2004

ANASTACIA SALVA IDOSA

A cantora Anastacia foi, no início desta semana, responsável por um autêntico acto de salvação sem ter tido, contudo, uma intervenção directa no mesmo.
Quem o diz é Maria das Dores Araújo, padeira de Rio Tinto, por entre lágrimas e alguns soluços. "Estava a preparar um pão de ló e uma broa de Avintes e nisto apercebo-me que não tinha sal grosso. Como já passavam 10 minutos das sete da tarde e o Sr. Ferreira fecha sempre a horas, não havia outro remédio senão deslocar-me à mercearia do Sr. Raimundo que ainda fica ao fundo da rua, na estrada que vai para Baguim do Monte".
O que a septuagenária não sabia era que viria a encontrar João Frederico, "homem dado a biscates duvidosos", segundo nos confessou uma testemunha do incidente. Frederico, visivelmente alcoolizado, pediu a Maria das Dores para entrar na sua viatura (um Datsun de 1985), algo que a idosa começou por recusar. "Até lhe disse, meio a brincar, «ó Frederico, o teu bafo arde que parece um maçarico»... e foi o fim da picada. Ele abre a porta do carro, mete-me lá dentro e tranca-me - isto em poucos segundos".
Maria das Dores conseguiu, no entanto, evitar o pior. "Ele entra também, senta-se no lugar do condutor e arranca dali para fora, sempre a mandar-me calar. Uns bons sete ou oito quilómetros à frente encosta o carro num ermo e começa a desmanchar-me o cabelo e a colocar-me a mão no peito. Quando eu me ponho a gritar ainda mais, tapou-me a boca com uma mão, enquanto eu com a outra tentava chegar à buzina. O máximo que consegui foi ligar o auto-rádio".
E é nesse momento que Maria das Dores se vê livre do ataque de Frederico. Das quatro colunas de som sai, de imediato, a emissão de discos pedidos de uma rádio local, que passava o tema "Left Outside Alone", da cantora norte-americana Anastacia. "Nem eu percebi. O homem saiu do carro, parecia que fugia de Belzebu. Mas quando aquilo chegou ao refrão também eu pensei que tinha atrás de mim um carro da polícia com a sirene ligada".
A septuagenária ainda não teve oportunidade de agradecer pessoalmente à cantora mas já revelou a sua intenção de com ela se encontrar em breve. "Vou-lhe dizer, com franqueza, que tenha mais modos a cantar porque se é certo que uma vez ou outra pode salvar alguém, há outras ocasiões em que baralha os bombeiros".
Contactada pelo IM, Anastacia preferiu enaltecer outras virtudes da sua voz. "Ainda ninguém reparou mas o timbre dos meus graves, nos temas mais intimistas, faz com que as focas-bebés caminhem mais depressa para o mar", revelou a cantora.

VIBRATO DE DEVENDRA BANHART INCOMODA BIANCA CASSADY

Bianca Cassady confessou ao IM que se sente verdadeiramente incomodada com o «vibrato» do namorado Devendra Banhart. "No sexo, começa por me proporcionar uma sensação de prazer intenso mas o Devendra é um tipo muito emocional, começa a entusiasmar-se e, às duas por três, estou a tremer da cabeça aos pés e não sou só eu: tenho metade da mobília da casa a avançar, aos saltinhos, em direcção a mim".
O estranho tremelique vocal (a que alguns chamam «parkinson vocal») de um dos singer-songwriters mais apreciados da actualidade não provoca transtorno unicamente à sua namorada, uma das vozes das CocoRosie. "Já não é a primeira vez que a minha irmãzinha Sierra dá com os animais lá da quinta a uivar à lua. O que não deixa de ser bizarro, tratando-se de coelhos e porcos"
Contactado pelo IM, Devendra Banhart não desmente os factos relatados pela namorada e acrescenta: "Lá na Venezuela, quem não tem um «vibrato» é considerado roto. E digo-lhe mais: no meu último álbum, «Nino Rojo», há uma faixa em que o meu «vibrato» consegue proceder à desparasitação de um apartamento de 9 assoalhadas".
Queríamos saber mais mas entretanto passou um carro desportivo a debitar o último single da Anastacia, sinal mais do que óbvio de que a hora do recolher obrigatório tinha chegado.

MARSALIS ATIRA-SE AO FREE/IMPROV

Wynton Marsalis, conhecido nos meandros da comunidade jazzófila como "fascista" musical, anunciou que irá mudar o rumo da sua carreira, dedicando-se a partir de agora às "sonoridades rugosas da música improvisada" (palavras do próprio). Em declarações proferidas num centro de estética nova-iorquino, enquanto procedia à aplicação de extensões capilares, Marsalis anunciou que pretendia assinar por uma editora europeia que não editasse mais de vinte cópias de cada disco e que queria trabalhar com gente genialmente anónima como Carlos Zíngaro ou Sei Miguel. Ao mesmo tempo que se demitiu da direcção do Lincoln Jazz Center, informou também que esta mudança de rumo implica uma completa mudança visual, pelo que a partir de agora passa a actuar nos concertos vestido de trajes menos usuais. Ao saber destas declarações Cecil Taylor fez uma fogueira onde queimou todos os seus pijamas e anunciou que a partir de agora vai passar a tocar apenas e exclusivamente standards, sem fugir um milímetro à pauta.