quinta-feira, março 23, 2006
quarta-feira, março 01, 2006
FISH CASA-SE EM RANHOLAS

Foi no passado Sábado que Fish e a sua namorada Tammi deram o proverbial "nó", após 12 anos de namoro, na bonita localidade de Ranholas. Na foto vemos o feliz casal a receber os parabéns do padrinho Almeida Santos, que à tarde foi o eloquente guia dos convivas escoceses numa caminhada pela serra de Sintra. Aqui pararam apenas para ouvir a história da Quinta da Regaleira e as vozes na cabeça de Mota Amaral, amigo de infância de Fish, que obviamente não podia deixar de comparecer ao enlace. Ainda durante o passeio procederam a um pequeno ritual sacrificando ao todo 4 tordos, 3 galinholas, 1 pequeno roedor e Mota Amaral. Por fim o padrinho desvirgindou a noiva num crescendo mágico de sangue, êxtase religioso e sado-masoquismo tântrico. Fish disse mais tarde que sentiu finalmente «a verdadeira força esotérica presente em Sintra» de que tanto já tinha ouvido falar.
segunda-feira, janeiro 02, 2006
ELS PYNOO ASSALTADA

A fogosa vocalista dos Vive la Fête foi no passado fim-de-semana vítima de um assalto ao seu luxuoso apartamento. Seguindo o provérbio «Quem tem medo compra um cão», decidiu levar Zaza, a cadela da avó, para casa. «Vou ensinar à Zaza tudo o que ela tem de saber para dominar as tecnologias de segurança mais avançadas actualmente ao nosso dispor». Els já gastou mais de 100.000 EUR na recuperação dos dentes de Zaza, que do topo dos seus 16 anos contempla já uma longa vida ortodontológica.
quinta-feira, novembro 10, 2005
ESQUADRÃO GLTG
Depois do êxito estrondoso do programa televisivo “Esquadrão G” (não, a sério!), o conceito vai ser ampliado e aplicado à indústria musical. Vem aí o Esquadrão GLTG (gay, lésbico e transgender).
O Esquadrão promete mudar a imagem de algumas bandas e cantores nacionais, de acordo com os elevados padrões de bom gosto que, como todos sabemos, estão geneticamente associados às orientações sexuais alternativas.
Assim, a facção G do Esquadrão estará representada pelo cantor Alex, responsável pelo hit “Mister Gay”, essa verdadeira ode à libertação sexual. Alex será responsável pela renovação da imagem de uma das mais emblemáticas bandas rock nacionais, os Mão Morta.
“Gosto muito dos Mão Morta, e eles são uma das maiores influências do meu percurso artístico”, admitiu Alex ao IM, “mas parece-me que eles têm uma imagem demasiado rude. Precisam de se suavizar um pouco, e de deixar desabrochar o seu lado feminino”.
Questionado sobre qual o seu plano para fazer os Mão Morta, erm… desabrochar, Mr. Gay não hesita: “Vou começar pelo nome. ‘Mão Morta’ é um nome muito desagradável, vou obrigá-los a mudar para ‘Dedo Mindinho’. E o Adolfo tem de perceber que ‘Luxúria Canibal’ também não são apelidos que se apresentem. A partir de agora vai passar a ser conhecido por ‘Adolfo Fofura Sentimental’”. Quanto ao estilo musical da banda, “não está mal, mas faltam-lhes umas baladas, e talvez um toque disco-sound. E temos de fazer qualquer coisa quanto à voz do Adolfo, dar-lhe umas pastilhas para a garganta ou assim, para ver se trata daquela rouquidão e liberta finalmente o falsete que tem dentro dele”.
Já o contingente L do Esquadrão estará a cargo da veterana Dina, a mais famosa intérprete de canções sobre cestas de fruta (e pepinos, na versão inglesa). A cantora vai pegar nos D’ZRT e, nas palavras da própria, “fazer dessas amélias uns homens. Essa cena toda das boys bands parece-me um bocado apaneleirada. Muita coreografia, muitos saltinhos, muita roupinha a condizer, aposto como também se depilam e usam cremes. Isso deixa-me doente.” (pausa para cuspir para o chão). “Quando eu acabar de dar conta deles, vão estar irreconhecíveis. Duas semanas sem lavar a cara, rapar os sovacos ou fazer a barba, e estão feitos uns típicos machos portugueses, como eu. Que me cortem já aqui a unha do dedo mindinho se eu não endireito esses larilas!”
Por outro lado, da secção TG do Esquadrão estará encarregue um dos mais famosos travestis do meio musical português, o vocalista dos Fingertips, também conhecido por Cláudia Sofia, que assumirá o desafio de transformar um homem de barba rija numa mulher perfeita. “A ideia é pegar em alguém que nunca imaginaríamos num papel feminino, e transformá-lo numa mulher credível”, esclareceu-nos o/a vocalista da popular banda de músicas para anúncios de cerveja (sem álcool, claro). “Quis escolher um homem sem um pingo de feminilidade, para tornar o desafio o mais aliciante possível. Ainda pensei no Quim Barreiros, ou no António Manuel Ribeiro dos UHF, mas depois de reflectir muito sobre o assunto, acabei por me decidir pela Sónia Tavares, dos Gift”.
O IM aguarda ansiosamente pela estreia do programa.
O Esquadrão promete mudar a imagem de algumas bandas e cantores nacionais, de acordo com os elevados padrões de bom gosto que, como todos sabemos, estão geneticamente associados às orientações sexuais alternativas.
Assim, a facção G do Esquadrão estará representada pelo cantor Alex, responsável pelo hit “Mister Gay”, essa verdadeira ode à libertação sexual. Alex será responsável pela renovação da imagem de uma das mais emblemáticas bandas rock nacionais, os Mão Morta.
“Gosto muito dos Mão Morta, e eles são uma das maiores influências do meu percurso artístico”, admitiu Alex ao IM, “mas parece-me que eles têm uma imagem demasiado rude. Precisam de se suavizar um pouco, e de deixar desabrochar o seu lado feminino”.
Questionado sobre qual o seu plano para fazer os Mão Morta, erm… desabrochar, Mr. Gay não hesita: “Vou começar pelo nome. ‘Mão Morta’ é um nome muito desagradável, vou obrigá-los a mudar para ‘Dedo Mindinho’. E o Adolfo tem de perceber que ‘Luxúria Canibal’ também não são apelidos que se apresentem. A partir de agora vai passar a ser conhecido por ‘Adolfo Fofura Sentimental’”. Quanto ao estilo musical da banda, “não está mal, mas faltam-lhes umas baladas, e talvez um toque disco-sound. E temos de fazer qualquer coisa quanto à voz do Adolfo, dar-lhe umas pastilhas para a garganta ou assim, para ver se trata daquela rouquidão e liberta finalmente o falsete que tem dentro dele”.
Já o contingente L do Esquadrão estará a cargo da veterana Dina, a mais famosa intérprete de canções sobre cestas de fruta (e pepinos, na versão inglesa). A cantora vai pegar nos D’ZRT e, nas palavras da própria, “fazer dessas amélias uns homens. Essa cena toda das boys bands parece-me um bocado apaneleirada. Muita coreografia, muitos saltinhos, muita roupinha a condizer, aposto como também se depilam e usam cremes. Isso deixa-me doente.” (pausa para cuspir para o chão). “Quando eu acabar de dar conta deles, vão estar irreconhecíveis. Duas semanas sem lavar a cara, rapar os sovacos ou fazer a barba, e estão feitos uns típicos machos portugueses, como eu. Que me cortem já aqui a unha do dedo mindinho se eu não endireito esses larilas!”
Por outro lado, da secção TG do Esquadrão estará encarregue um dos mais famosos travestis do meio musical português, o vocalista dos Fingertips, também conhecido por Cláudia Sofia, que assumirá o desafio de transformar um homem de barba rija numa mulher perfeita. “A ideia é pegar em alguém que nunca imaginaríamos num papel feminino, e transformá-lo numa mulher credível”, esclareceu-nos o/a vocalista da popular banda de músicas para anúncios de cerveja (sem álcool, claro). “Quis escolher um homem sem um pingo de feminilidade, para tornar o desafio o mais aliciante possível. Ainda pensei no Quim Barreiros, ou no António Manuel Ribeiro dos UHF, mas depois de reflectir muito sobre o assunto, acabei por me decidir pela Sónia Tavares, dos Gift”.
O IM aguarda ansiosamente pela estreia do programa.
terça-feira, novembro 08, 2005
EDITORIAL
E se a Madonna, em vez de andar com a cara coberta, usasse algo que lhe cobrisse a cara? Será que seria assim tão famosa? Não. Com a cara coberta talvez fosse demasiado difícil fazer algumas coisas que a levaram à fama, nomeadamente cantar. Mas é assim em Portugal...alguns músicos têm de cobrir a cara. É uma situação incrível, mas quando não será que isso justifica a prostituição de alguns deles?
Vender um tema a uma empresa multinacional de telemóveis é perfeitamente justificável. É o mesmo do que vender o corpo no meio da rua. É o preço que alguns músicos têm de pagar para não cobrir a cara. Ou então serão despedidos dos seus empregos como limpadores de ruas ou mesmo de casas de banho. Sim, porque os músicos são estúpidos. Não conseguiram arranjar um emprego na comunicação social e sair à noite todos os dias, bebendo quantidades industriais de álcool porque conhecem toda a gente que está atrás do bar. Agora que penso nisso, como é que eu passei dos 40?
Não sei. Mas algo sei: nunca precisei de esconder a cara, se bem que às vezes devesse tê-lo feito. Sendo assim, temos mesmo razões para condenar aqueles que se prostituem por tuta e meia? Ou mesmo aqueles que se viram para a parede e não mostram a cara? Não, tudo porque a música em Portugal não dá dinheiro. Mas os telemóveis não. O meu conselho às bandas: vendam-se, prostituam-se. Por um Portugal melhor. Onde estariam os EZ Special se não se tivessem vendido? Estariam, e ainda bem, fora dos nossos ouvidos. Mas imaginem o quão ricos eles estão...
Vender um tema a uma empresa multinacional de telemóveis é perfeitamente justificável. É o mesmo do que vender o corpo no meio da rua. É o preço que alguns músicos têm de pagar para não cobrir a cara. Ou então serão despedidos dos seus empregos como limpadores de ruas ou mesmo de casas de banho. Sim, porque os músicos são estúpidos. Não conseguiram arranjar um emprego na comunicação social e sair à noite todos os dias, bebendo quantidades industriais de álcool porque conhecem toda a gente que está atrás do bar. Agora que penso nisso, como é que eu passei dos 40?
Não sei. Mas algo sei: nunca precisei de esconder a cara, se bem que às vezes devesse tê-lo feito. Sendo assim, temos mesmo razões para condenar aqueles que se prostituem por tuta e meia? Ou mesmo aqueles que se viram para a parede e não mostram a cara? Não, tudo porque a música em Portugal não dá dinheiro. Mas os telemóveis não. O meu conselho às bandas: vendam-se, prostituam-se. Por um Portugal melhor. Onde estariam os EZ Special se não se tivessem vendido? Estariam, e ainda bem, fora dos nossos ouvidos. Mas imaginem o quão ricos eles estão...
sábado, novembro 05, 2005
THE GIFT NÃO FORAM BARRADOS À PORTA DO LUX ONTEM
O IM apurou que os Gift, banda de Alcobaça que ganhou o prémio MTV para melhor banda portuguesa nos prémios da quinta-feira passada e acabou por ser barrada à porta do Buddha Lisboa na afterparty, não foram barrados à porta do Lux ontem. Chegados pouco depois das 2 manhã, Nuno e John Gonçalves, Sónia Tavares e Miguel Ribeiro conseguiram entrar sem problemas na discoteca lisboeta.
"Foi um momento importante para a carreira dos The Gift, porque ainda por cima nem sequer pagámos para entrar e eu conhecia um dos gajos que estavam no bar, pelo que ainda consegui beber uma 'jola à pala", declarou ao IM John Gonçalves, claramente ressacado, hoje de manhã. "Acima de tudo merecíamos isto. Merecíamos entrar numa discoteca.", adicionou Nuno Gonçalves.
Quanto ao terem sido barrados no Buddha Lisboa, Sónia Tavares queixa-se: "O Robbie Williams estava-me a fazer olhinhos no backstage, até me tinha prometido pagar um copo na afterparty. Fiquei desolada porque sou fã de Take That e queria um autógrafo dele..."
Segundo declarações da Maya, a directora de relações públicas do Buddha Lisboa, "os Gift foram barrados por causa daquelas roupas horríveis. Nem eu consegui prever tais vestimentas foleiras."
Os Gift lançaram AM/FM no final de 2004 e têm tocado ao vivo por todo o lado. Já paravam...irra...
"Foi um momento importante para a carreira dos The Gift, porque ainda por cima nem sequer pagámos para entrar e eu conhecia um dos gajos que estavam no bar, pelo que ainda consegui beber uma 'jola à pala", declarou ao IM John Gonçalves, claramente ressacado, hoje de manhã. "Acima de tudo merecíamos isto. Merecíamos entrar numa discoteca.", adicionou Nuno Gonçalves.
Quanto ao terem sido barrados no Buddha Lisboa, Sónia Tavares queixa-se: "O Robbie Williams estava-me a fazer olhinhos no backstage, até me tinha prometido pagar um copo na afterparty. Fiquei desolada porque sou fã de Take That e queria um autógrafo dele..."
Segundo declarações da Maya, a directora de relações públicas do Buddha Lisboa, "os Gift foram barrados por causa daquelas roupas horríveis. Nem eu consegui prever tais vestimentas foleiras."
Os Gift lançaram AM/FM no final de 2004 e têm tocado ao vivo por todo o lado. Já paravam...irra...
quinta-feira, outubro 20, 2005
SERRALVES E ZÉ DOS BOIS CONTRATAM ABORRECIDOS PROFISSIONAIS
Seguindo o exemplo da MTV de contratar figurantes para gritarem histericamente, e fingirem estarem possuídos por emoções incontroláveis aquando da aparição dos artistas convidados para os European Music Awards, em Lisboa, a Galeria Zé Dos Bois e a Fundação de Serralves anunciaram já que irão contratar um contingente fixo de Desistentes para aparecer em cada um dos seus concertos.
De acordo com um porta-voz da Fundação nortenha, em todos os concertos a decorrer no seu espaço haverá um grupo de 30-40 pessoas que estará espalhado pela sala, e que passados cerca de 15 minutos, exibirá um elevado grau de tédio, saindo porta fora, e ficando o resto da noite no bar a beber imperiais e a falar de quem viram nos concertos da semana passada.
"Um bar cheio de desistentes de um concerto de guitarras tocadas com ventoínhas ou plainas é um ex-libris da Zé Dos Bois tão grande como pinturas porno-kitsch, ou actuações de 7 minutos a balbuciar onomatopeias sobre ruídos electrónicos", disse ao IM o promotor Natxo Checa da Galeria. Os casting para o cargo de Desistente irão decorrer durante a próxima semana, devendo os candidatos abstrair-se de fazer a barba até ao dia, e apresentarem-se munidos da indispensável mala arty a tiracolo. Recomenda-se também um conhecimento aprofundado da obra dos Vibracathedral Orchestra, e dos refrões dos hits de Kylie Minogue.
sexta-feira, outubro 14, 2005
INQUÉRITO
JÁ FOI AMEAÇADO POR ROCKEIROS POR OUVIR ALGUMA CENA MAIS AMARICADA?
CARLOS DO CARMO, 66 ANOS, GAJO OBCECADO POR CANOAS E PUTOS
Fui é ameaçado de porrada pelo Vasco Graça Moura quando quis gravar uma versão fadista do "Kings Of Metal", dos Manowar!
SAMUEL "SWORDMASTER", 27 ANOS, MONTADOR DE ESTORES
Tive um azar do caralho. Fiz shuffle no disco e saiu o interlúdio calmito. Tive que dar de frosques num instante!
MEDINO LIMEIRO, 18 ANOS, LÍDER DOS MANOS METRALHADORA
*CLICK*
VERÓNICA ZELIRA, 21 ANOS, ESTUDANTE DE ARQUEOLOGIA
Não interessa que atirem tijolos pela minha janela ou risquem o meu carro. Quem me tira o meu disco dos Lunáticos, tira-me tudo!
BADLY DRAWN BOY COMPRA MAUSOLÉU NO CAMPO GRANDE
O mausoléu pertencente às manas mais irritantes do panorama jornalístico-político português, Maria João Avillez e Maria José Nogueira Pinto, foi ontem surpreendentemente comprado pelo trovador inglês Badly Drawn Boy. «Sempre quis comprar a casa de uma celebridade. Neste caso são duas, e sempre gostei de sexagenárias com ar de actrizes porno italianas na reforma. Mas a casa está uma miséria, há cagadelas de pato por todo o lado. Parece que levavam jovens patos do lago do Campo Grande para casa para práticas sado-masoquistas. Eu não gosto de patos nem de práticas sado-masoquistas nem de me ver envolvido em processos judiciais com políticos e apresentadores de televisão. Mas gosto de sexagenárias com ar de actrizes porno italianas na reforma. Fazem-me lembrar a Joan Collins, de quem sou bastante amigo.»
quarta-feira, outubro 05, 2005
JOSÉ CID CONFUNDE RTP MEMÓRIA COM A SUA CARREIRA AINDA ESTAR VIVA
José Cid, o conhecido músico português, estava a fazer zapping na sua mansão em Mongofores, quando assistiu à milésima repetição do Festival RTP da Canção de 1980 na RTP Memória. O seu mordomo contou ao IM que "O patrão ia tendo um ataque cardíaco! Telefonou logo à mulher dele, aquela que mora no Porto, e disse-lhe que o Júlio Isidro finalmente lhe tinha feito uma daquelas homenagens!"
Mas, na realidade, não era bem assim. Em declarações ao IM, Júlio Isidro comentou: "Como não fui eu que descobri o gajo, não vou estar a homenageá-lo. Reservo isso para grandes nomes portugueses como a Rosa Lobato de Faria ou qualquer pessoa que possa ter a Dina como convidada." O equívoco foi desfeito quando José Cid viu o programa Com a Verdade M'Enganas e telefonou à mulher a dizer: "O Herman voltou a ter piada!" A mulher apressou-se a dizer-lhe: "Claro que não, ainda no outro dia vi o Herman SIC e não me ri. Tens a certeza de que não estás a ver a RTP Memória?"
Em declarações ao IM, José Cid classificou o sucedido como um "acontecimento trágico", tendo mesmo dito: "Alguém devia homenagear-me, eu inventei o rock'n'roll português e fui a primeira pessoa a cantar bossanova em português. 'Um Grande, Grande Amor' foi um dos meus melhores momentos! Também é trágico eu não aparecer num programa da manhã há 2 anos."
José Cid foi membro fundador do Quarteto 1111, dos Green Windows, amigo pessoal de Tó Zé Brito antes deste se virar para o golfe, põe o pai da Julie Sargeant a tocar em bailes da terreola e usou um blusão e uma t-shirt, ambos a dizerem "CID" quanto actuou no Festival da Canção de 1980. Fez um disco que é considerado dos melhores do rock progressivo de sempre, mas não passa de uma versão ainda mais foleira dos Yes e tem a mania que ainda é importante. Também usou a palavra "orgia" no refrão de um dos seus temas mais conhecidos - "Romântico mas não Trôpego" -, demonstrando que é um pervertido do caraças.
Mas, na realidade, não era bem assim. Em declarações ao IM, Júlio Isidro comentou: "Como não fui eu que descobri o gajo, não vou estar a homenageá-lo. Reservo isso para grandes nomes portugueses como a Rosa Lobato de Faria ou qualquer pessoa que possa ter a Dina como convidada." O equívoco foi desfeito quando José Cid viu o programa Com a Verdade M'Enganas e telefonou à mulher a dizer: "O Herman voltou a ter piada!" A mulher apressou-se a dizer-lhe: "Claro que não, ainda no outro dia vi o Herman SIC e não me ri. Tens a certeza de que não estás a ver a RTP Memória?"
Em declarações ao IM, José Cid classificou o sucedido como um "acontecimento trágico", tendo mesmo dito: "Alguém devia homenagear-me, eu inventei o rock'n'roll português e fui a primeira pessoa a cantar bossanova em português. 'Um Grande, Grande Amor' foi um dos meus melhores momentos! Também é trágico eu não aparecer num programa da manhã há 2 anos."
José Cid foi membro fundador do Quarteto 1111, dos Green Windows, amigo pessoal de Tó Zé Brito antes deste se virar para o golfe, põe o pai da Julie Sargeant a tocar em bailes da terreola e usou um blusão e uma t-shirt, ambos a dizerem "CID" quanto actuou no Festival da Canção de 1980. Fez um disco que é considerado dos melhores do rock progressivo de sempre, mas não passa de uma versão ainda mais foleira dos Yes e tem a mania que ainda é importante. Também usou a palavra "orgia" no refrão de um dos seus temas mais conhecidos - "Romântico mas não Trôpego" -, demonstrando que é um pervertido do caraças.
LUX
Informamos os nossos leitores de que o Inimigo Musical não é fixe, não é bem, não é moderno nem nada que se pareça, pelo que não marcou presença no aniversário do Lux. Pedimos aos responsáveis por esse espaço que nos enviem convites para o ano que vem.
quinta-feira, setembro 15, 2005
EDITORIAL
FÉRIAS
Estou de férias. Este é aquela altura do ano que eu guardo só para mim. Para sair à noite e rever velhos amigos. Tiro férias sempre em Setembro, já que em Agosto trabalho no duro, saíndo à noite e revendo velhos amigos. É bom desanuviar e esquecer o trabalho estando de férias. É que sair à noite é desgastante e só consigo recarregar as energias saíndo à noite nas férias. Bom, não vou alongar-me mais, já que estou de férias e tenho de ir dar um salto na noite.
Vemo-nos um dia destes por aí à noite,
Robinho, o novo editor em férias do Inimigo Musical
Estou de férias. Este é aquela altura do ano que eu guardo só para mim. Para sair à noite e rever velhos amigos. Tiro férias sempre em Setembro, já que em Agosto trabalho no duro, saíndo à noite e revendo velhos amigos. É bom desanuviar e esquecer o trabalho estando de férias. É que sair à noite é desgastante e só consigo recarregar as energias saíndo à noite nas férias. Bom, não vou alongar-me mais, já que estou de férias e tenho de ir dar um salto na noite.
Vemo-nos um dia destes por aí à noite,
Robinho, o novo editor em férias do Inimigo Musical
sexta-feira, setembro 09, 2005
INQUÉRITO
NÃO ME DIGA QUE AINDA NÃO SACOU O NOVO DOS ANIMAL COLLECTIVE!
Maria Da Conceição Canilinda, 52 anos, Beata
Ai por favor, não diga nada ao Senhor Padre! Ainda ontem comprei o disco da Claudisabel!
Noah Lennox, 20 e tal anos, Gajo Que Veio Roubar Concertos Aos Músicos Portugueses na ZDB
Ouça lá, com tantas casas de fado no Bairro Alto, acha que tenho tempo para essas coisas esquisitas?
Carmino Mendonça, 11 anos, Filho e neto de caçadores
O meu pai está barricado em casa. Se um desses "animais" tentar entrar, vai ver!
Pedro Santana Lopes, 48 anos, Cidadão Que Anda Por Aí
Penso que vou inaugurar isso um dia destes!
quinta-feira, setembro 08, 2005
EDITORIAL: BARREIRAS
Há, no mundo de hoje, barreiras. Barreiras que tendem a não deixar que os artistas nacionais sejam reconhecidos lá fora. Mas houve um precedente enorme: Amália. Amália tinha uma voz de ouro, uma voz que lançava tesouros, pelo menos é o que me parece, se está enterrada naquela coisa que parece o capitólio americano (ai, quem me dera ser de Washington, mas parece que os jornalistas por lá têm de ter ou talento ou ser amigos de políticos), deve ser importante. Não sei, nunca ouvi. A música não é o meu forte. Mas há grandes músicos hoje em dia, especialmente os DJs que animam as minhas noites. No outro dia estava numa discoteca e apareceu, assim do nada, o DJ Vibe. Começou a tocar um house inspiradíssimo e gostei muito. Até passou um tema do Rui da Silva, o famoso "Touch qualquer coisa", não me lembro bem. Mas é assim que eu gosto da música, como algo que derruba barreiras. Que consegue ultrapassar as adversidades e ganhar, vencer. É por isso que gosto muito destas novas bandas pop-rock que querem singrar lá fora. O fado é bom e tal mas o fado não é, na minha opinião, o melhor companheiro para noite. Porque quando eu me embebedo brutalmente (e faço-o num Dock's ou num Lux ou numa Kapital, não num Luso Café ou num Clube de Fado) quero é ouvir martelos, que são a música que Deus criou para nos deixar perder na noite, na magia da noite. Todas as memórias que guardo da noite, e nem são tantas assim, já que sou alcoólico e tendo a esquecer-me de todas as noites que saio, que são basicamente todas as noites, inclusivamente a de domingo, envolvem música de dança. Fado não é música de dança, por muito moderna que aquela tipa de tranças pareça. Mas, mesmo assim, se algum amigo meu me estiver a dar boleia e disser que o novo do Camané é fixe e não é só a "Maria Albertina" (que anima muitas das minhas noites) que vale a pena, ficarei o maior fã de fado do mundo. Tudo isto porque os amigos que dão boleia são verdadeiros barómetros musicais, eles é que desbravam novos caminhos e nos mostram aquilo que devemos ouvir.
Até um di...uma noite destas,
Robinho, o novo editor do Inimigo Musical
Até um di...uma noite destas,
Robinho, o novo editor do Inimigo Musical
sexta-feira, setembro 02, 2005
VASCO PULIDO VALENTE - A GASOLINA
Nasceu no Panamá ou em Porto Rico, e cedo se tornou insuportável. Cedo? Começou sendo insuportável. As suas raízes já têm 30 anos, a mistura do reggae, do dancehall e do hip-hop, mas só agora é que começamos a ouvir disso cá na Europa. Infelizmente, pois os seus maiores embaixadores, tais como Daddy Yankee e o seu grande êxito "Gasolina", têm a relevância artística da "Lambada" ou da "Macarena". Ou seja, nenhuma. Alguém devia atirar gasolina para cima desse senhor e incendiá-lo. Somos obrigados a ouvir isto? Se eu fosse o Eduardo Prado Coelho, isto valeria por pôr as raparigas a dançar, mas eu não sou um velho rebarbado.
quarta-feira, agosto 31, 2005
MANIFESTO
São estes últimos dias de férias, estes últimos cartuchos que se queimam no Algarve, que dão sentido à minha vida. Estava ontem na praia com dois amigos meus que já não via há muito tempo (casaram-se há uns anos e nunca mais voltaram a sair à noite, com sorte, tinha ido dar um mergulho depois duma noite giríssima na Casa do Castelo) e começaram a falar dos filhos deles. Obviamente, só me interessariam as suas filhas e só mesmo se tivessem mais de 18 anos e já tivessem cartão de cliente das melhores discotecas. Mas não, falavam de putos ranhosos de 5 anos e fui-me embora. Afinal, o álcool ainda vivia dentro de mim. Decidi tomar o pequeno-almoço num café óptimo que conheço, um daqueles cafés de esquina, de aldeia, com gente a sério, onde não há música alta mas há algarvios simpáticos. Lá encontrei duas colegas de profissão, duas jornalistas, que iam trabalhar. Ri-me na cara delas e voltei para o hotel. Deitei-me e lembrei-me de criar um manifesto para este novo projecto cujas rédeas tomei há pouco tempo.
O Inimigo Musical compromete-se a mudar. A alargar os seus horizontes, a cobrir mais e mais fenómenos e a não ter preconceitos com aquilo que vende. Julgo que estivémos demasiado tempo a ignorar fenómenos recentes que, apesar de já terem à volta de 30 anos, acho por bem apelidar de "recentes", comprovando a minha incompet...porque são recentes e crio as minhas próprias regras, eu é que mando, como o hip-hop ou os góticos. Vamos mudar o panorama português, aliando as vendas a uma validade artística ou assim. Todas as entrevistas que fizermos falarão apenas de temas superficiais. Julgamos que pesquisar antes de entrevistar é fatal, logo vamos perguntar tudo o que já se sabe sobre os artistas que entrevistamos e que pouparia muito tempo precioso aos mesmos. Trabalho de casa nunca. Cobriremos tudo o que vender, desde o Rod Stewart para as donas-de-casa ao Emanuel para, bem, para todos, passando pelos D'ZRT (um óptimo projecto de nova música nacional que não devemos por nada ignorar, até falam das Non Stop nas suas letras) ou pelo novo (sublime) disco dos Santamaria (que tem passado em várias casas da noite e, como o público do tuning tem aderido, julgo terem qualidade e validade artística). Não deixaremos ninguém de fora, a não ser basicamente toda a gente tentando agradar a todos e perdendo toda a qualidade que temos.
Estava a brincar, quero é que as editoras que paguem um Porsche novo, que o meu já tem um ano e, logo, é velho para caraças.
Vemo-nos na noite, numa dessas casas por aí,
Robinho, o novo editor do Inimigo Musical
O Inimigo Musical compromete-se a mudar. A alargar os seus horizontes, a cobrir mais e mais fenómenos e a não ter preconceitos com aquilo que vende. Julgo que estivémos demasiado tempo a ignorar fenómenos recentes que, apesar de já terem à volta de 30 anos, acho por bem apelidar de "recentes", comprovando a minha incompet...porque são recentes e crio as minhas próprias regras, eu é que mando, como o hip-hop ou os góticos. Vamos mudar o panorama português, aliando as vendas a uma validade artística ou assim. Todas as entrevistas que fizermos falarão apenas de temas superficiais. Julgamos que pesquisar antes de entrevistar é fatal, logo vamos perguntar tudo o que já se sabe sobre os artistas que entrevistamos e que pouparia muito tempo precioso aos mesmos. Trabalho de casa nunca. Cobriremos tudo o que vender, desde o Rod Stewart para as donas-de-casa ao Emanuel para, bem, para todos, passando pelos D'ZRT (um óptimo projecto de nova música nacional que não devemos por nada ignorar, até falam das Non Stop nas suas letras) ou pelo novo (sublime) disco dos Santamaria (que tem passado em várias casas da noite e, como o público do tuning tem aderido, julgo terem qualidade e validade artística). Não deixaremos ninguém de fora, a não ser basicamente toda a gente tentando agradar a todos e perdendo toda a qualidade que temos.
Estava a brincar, quero é que as editoras que paguem um Porsche novo, que o meu já tem um ano e, logo, é velho para caraças.
Vemo-nos na noite, numa dessas casas por aí,
Robinho, o novo editor do Inimigo Musical
EDITORIAL
Tinha um colega de Liceu que tinha uma grande cabeça. E quando digo que tinha uma grande cabeça não me refiro ao intelecto, mas sim ao tamanho do seu crânio. Era muito grande. Chamavam-lhe o “Cabeçudo”. Uma vez estava a conversar com o Cabeçudo enquanto fumava um dos meus primeiros cigarros nas traseiras da cantina do Liceu, e ele perguntou-me, “Já ouviste Television?”, e eu respondi, “Não. Porquê?”, e ele disse, “É fixe.”. Não tornei a ouvir falar de Television desde então, nem do Cabeçudo, porque ele nunca foi um homem da noite e acabei por perder o seu contacto. Mas a semana passada, estava numa discoteca em Montechoro a ver a luz do strobe a banhar os corpos ululantes e a batida a acelerar o meu pulso, quando um outro amigo meu se chegou a mim e dsse, “Já ouviste Television?”. A vida tem destas coincidências. E de certeza que os Television são uma grande banda. Ele disse-me que iam tocar no Coliseu e queria saber se arranjava convites. Troquei um gin tónico pela benesse com a consciência que o estava a introduzir a uma grande banda. Porque os Television são grandes. E porque eu sou assim, gosto de introduzir as pessoas à grande música. E sei que o concerto dos Television vai ser marcante, único. Como o dos Radiohead, outra banda com nome de aparelho captor de transmissões. Os meus amigos já me falaram muito de Radiohead. O Cabeçudo não. Onde estás tu, Cabeçudo? E será que também vais ver Television?
Vemo-nos por aí na noite (e nos Television),
Robinho, o novo editor do Inimigo Musical
Vemo-nos por aí na noite (e nos Television),
Robinho, o novo editor do Inimigo Musical
terça-feira, agosto 23, 2005
VASCO PULIDO VALENTE NO INIMIGO MUSICAL
Numa tentativa de aumentar os leitores desse nosso órgão de comunicação, o IM tem convidado vários nomes conhecidos da imprensa portuguesa para colaborarem com a nossa publicação. Um destes é alguém que dispensa apresentações. Vasco Pulido Valente acedeu a escrever para o nosso jornal. Estamos extremamente honrados e esperamos que isto venha trazer novos adeptos à nossa casa sem alienar outros fiéis leitores do pasquim.
Aqui temos a estreia do autor, jornalista, investigador e político nas lides da escrita musical:
LISBOA BARROCAMENTE IDIOTA
Temos assistido, no nosso pequeno meio lisboeta, a um aumentar da estupidez colectiva das pessoas que assistem a concertos. Por um lado temos as pessoas que usam crachás e vão ao Lux. Não lhes reconheço qualquer tipo de inteligência ou talento, pelo que nem sequer me vou dignar a falar mais deles. Mas a pior praga da nossa praça é uma que tem vindo a assolar alguns jovens universitários e pós-universitários. Falo dessa praga que é a Galeria Zé dos Bois. Esta gente que hoje em dia vai à Galeria Zé dos Bois, no Bairro Alto, é totalmente idiota. Nunca vi tanta estupidez junta. Parecem ovelhas todas à procura da mais recente boçalidade musical. Em termos históricos, já todas aquelas parvoíces foram feitas pelos tipos do free jazz nos anos 60 e pelos homens do pós-punk nos anos 80. E se já nessa altura era mau, então agora...
Até uma noite destas,
Robinho, o novo editor do Inimigo Musical
Aqui temos a estreia do autor, jornalista, investigador e político nas lides da escrita musical:
LISBOA BARROCAMENTE IDIOTA
Temos assistido, no nosso pequeno meio lisboeta, a um aumentar da estupidez colectiva das pessoas que assistem a concertos. Por um lado temos as pessoas que usam crachás e vão ao Lux. Não lhes reconheço qualquer tipo de inteligência ou talento, pelo que nem sequer me vou dignar a falar mais deles. Mas a pior praga da nossa praça é uma que tem vindo a assolar alguns jovens universitários e pós-universitários. Falo dessa praga que é a Galeria Zé dos Bois. Esta gente que hoje em dia vai à Galeria Zé dos Bois, no Bairro Alto, é totalmente idiota. Nunca vi tanta estupidez junta. Parecem ovelhas todas à procura da mais recente boçalidade musical. Em termos históricos, já todas aquelas parvoíces foram feitas pelos tipos do free jazz nos anos 60 e pelos homens do pós-punk nos anos 80. E se já nessa altura era mau, então agora...
Até uma noite destas,
Robinho, o novo editor do Inimigo Musical
domingo, agosto 21, 2005
O REGRESSO COM UM NOVO EDITOR
Caros fiéis leitores,
Tomei as rédeas deste projecto jornalístico que é o Inimigo Musical, há muito abandonado e deixado para morrer pelos seus antigos donos. Longe da magia e da criatividade do princípio, o IM é hoje uma marca sem o prestígio dos primórdios. Prometo, enquanto estiver à frente deste projecto (temporariamente, obviamente, quando acabar o meu trabalho por aqui voarei para outro poiso ao sabor do vento com o meu guarda-chuva, qual Mary Poppins), torná-lo um projecto mais ambicioso, mais alargado, com novos leitores, mas sem alienar o público-base do mesmo.
Permitam-me falar sobre a minha pessoa e a minha vida: chamo-me Robinho, tenho 35 anos e sou um apaixonado pela noite, pelas cores, pelo calor humano, pelas pessoas e, especialmente, pela pouca roupa das mulheres nas discotecas. Saio à noite desde os meus 6 anos, a minha eterna juventude, ia para a noite com o meu pai, que era polícia, e sempre adorei aquela batida e as bebidas e o álcool e as meninas. Enquanto os meus amigos se divertiam, brincando de dia, eu dormia. Só sonhava com a noite, com a sexta-feira à noite, hora que chegava no final da semana e era tempo de reencontro. Conheci muita e boa gente na noite, vi crescer muitas discotecas, morrer outras, vi crescer amores, morrer amores, tive amigos, inimigos, mas sempre me diverti e nunca cheguei a casa antes das 4 da manhã.
Agora, por favor, permitam-me partilhar algumas histórias. Como todos os noctívagos, sou um apaixonado pelo Algarve. Pelas cores e sabores da terra do Sul, pela vida nocturna da mesma, pela Casa do Castelo e por Albufeira. Feliz, fui ao Sunrise Festival. Eram 2 da manhã, estava num bar pequeno, a música era pop-rock comercial. Os corpos, suados e pouco vestidos, roçavam-se uns nos outros. Não aconteceu nada, mas depois já eram 4 da manhã e rumei à Casa do Castelo. Disseram-me que o Sunrise Festival só ia ser bom no dia seguinte. Ainda bem, porque já eram 6 da manhã e estava a beber a minha mini com um pastel de nata e outros resistentes num café pequeno duma aldeia lá perto. Voltei para o hotel, sabendo que Jamiroquai ia ser o homem da noite seguinte. E foi.
Mas algo aconteceu um certo domingo. Estava muito em Albufeira, na praia, e perguntei aos meus amigos: "Então, hoje vejo-vos na noite ou não?", ao que eles responderam: "Não, vamos a Lisboa ver os U2." Foi aí que percebi que os U2 eram a maior, melhor e mais inovadora banda de todos os tempos. Fiquei chateado por não ir, e ainda tentei pedir umas borlas porque sou jornalista, mas não deu. Vinguei-me no Algarve, a noite estava giríssima.
Despeço-me, amigos, prometendo notícias para breve.
Vemo-nos na noite por aí,
Robinho, o novo editor do Inimigo Musical.
Tomei as rédeas deste projecto jornalístico que é o Inimigo Musical, há muito abandonado e deixado para morrer pelos seus antigos donos. Longe da magia e da criatividade do princípio, o IM é hoje uma marca sem o prestígio dos primórdios. Prometo, enquanto estiver à frente deste projecto (temporariamente, obviamente, quando acabar o meu trabalho por aqui voarei para outro poiso ao sabor do vento com o meu guarda-chuva, qual Mary Poppins), torná-lo um projecto mais ambicioso, mais alargado, com novos leitores, mas sem alienar o público-base do mesmo.
Permitam-me falar sobre a minha pessoa e a minha vida: chamo-me Robinho, tenho 35 anos e sou um apaixonado pela noite, pelas cores, pelo calor humano, pelas pessoas e, especialmente, pela pouca roupa das mulheres nas discotecas. Saio à noite desde os meus 6 anos, a minha eterna juventude, ia para a noite com o meu pai, que era polícia, e sempre adorei aquela batida e as bebidas e o álcool e as meninas. Enquanto os meus amigos se divertiam, brincando de dia, eu dormia. Só sonhava com a noite, com a sexta-feira à noite, hora que chegava no final da semana e era tempo de reencontro. Conheci muita e boa gente na noite, vi crescer muitas discotecas, morrer outras, vi crescer amores, morrer amores, tive amigos, inimigos, mas sempre me diverti e nunca cheguei a casa antes das 4 da manhã.
Agora, por favor, permitam-me partilhar algumas histórias. Como todos os noctívagos, sou um apaixonado pelo Algarve. Pelas cores e sabores da terra do Sul, pela vida nocturna da mesma, pela Casa do Castelo e por Albufeira. Feliz, fui ao Sunrise Festival. Eram 2 da manhã, estava num bar pequeno, a música era pop-rock comercial. Os corpos, suados e pouco vestidos, roçavam-se uns nos outros. Não aconteceu nada, mas depois já eram 4 da manhã e rumei à Casa do Castelo. Disseram-me que o Sunrise Festival só ia ser bom no dia seguinte. Ainda bem, porque já eram 6 da manhã e estava a beber a minha mini com um pastel de nata e outros resistentes num café pequeno duma aldeia lá perto. Voltei para o hotel, sabendo que Jamiroquai ia ser o homem da noite seguinte. E foi.
Mas algo aconteceu um certo domingo. Estava muito em Albufeira, na praia, e perguntei aos meus amigos: "Então, hoje vejo-vos na noite ou não?", ao que eles responderam: "Não, vamos a Lisboa ver os U2." Foi aí que percebi que os U2 eram a maior, melhor e mais inovadora banda de todos os tempos. Fiquei chateado por não ir, e ainda tentei pedir umas borlas porque sou jornalista, mas não deu. Vinguei-me no Algarve, a noite estava giríssima.
Despeço-me, amigos, prometendo notícias para breve.
Vemo-nos na noite por aí,
Robinho, o novo editor do Inimigo Musical.
sexta-feira, junho 17, 2005
INQUÉRITO
AFINAL, QUEM É QUE DEVIA SER O NOVO DIRECTOR DO BLITZ?
ANTÓNIO MANUEL RIBEIRO, SEM IDADE, MAIOR LENDA DA SUA RUA
Sugeri que fosse o presidente do nosso clube de fãs, mas aqueles sacanas não quiseram!
EDUARDO LIKHRON, 21 ANOS, GUITARRISTA DOS LIPOSSUCÇÃO
Seja quem for, nos nossos concertos não entra! Nos nossos concertos não entra ninguém! Assim não dizem mal de nós!
SARAIVA CANALEVE, 48 ANOS, DETENTOR DA MAIOR COLECÇÃO DE LIVROS DE GESTÃO DE PAÇO D'ARCOS
Ora deixe cá ver aqui no Balanced Scorecard. Não, não temos prevista nenhuma acção de Blitzing!
TINA TOLENTINO, 9 ANOS, MIÚDA ESQUISITA
Eu cá só me interessa a mailing list da Child Of Microtones!
quarta-feira, junho 15, 2005
ENTREVISTA EXCLUSIVA A MICHAEL JACKSON
Michael Jackson é para muitos o genuíno rei a pop. Para muitos outros, especialmente crianças que não são suas filhas, é apenas "papá". Pelo menos era o que se pensava. As dúvidas foram desfeitas anteontem, quando a justiça americana o declarou inocente de todas as acusações de abuso de menores.
Ficou famoso nos anos 70, primeiro com os Jackson 5 e depois a solo, com o produtor Quincy Jones. Depois mudou de cor e começou a dizer que não interessava ser branco ou negro. Claro que não, nós sabemos, Michael. Nessa altura tinha como amigo Macaulay Culkin, que tinha uns 10 anos. Como é que ficou conotado como abusador de menores, não sabemos, é um mistério.
O IM foi encontrá-lo a três quarteirões do tribunal em Santa Maria, donde saiu sem falar com a imprensa. Estava vestido com um blazer cor-de-rosa, parecia ter a cara pintada e estava com duas dúzias de palhaços, que faziam malabarismo e vendiam algodão doce no quarteirão. O único órgão informativo com o qual Michael Jackson quis falar foi o IM.
O Inimigo Musical - Então, Michael? 'tá-se fixe?
Michael Jackson - Iá, 'tá-se dread, meu. Estou aqui no chillin' com os meus peeps.
OIM - 'tou a ver que sim, meu. Que linguagem é essa que estás a utilizar?
MJ - Sabes, meu, é a linguagem do ghetto, mas agora que já me topaste vou falar normalmente...era só para apelar a uma comunidade mais vasta. Sabes, é que a minha carreira já morreu. Quero voltar a vender. Vou mudar toda a minha vida. Vou deixar de dormir com crianças. Há gente que pensa que sou pedófilo e isso é horrível. As crianças são tão bonitas...
OIM - Bom, tu foste absolvido. Como é que te sentiste quando ouviste o veredicto?
MJ - Senti-me bem, isto era tudo uma conspiração racial e das editoras para me tirar do trono de rei da pop. Há tanta gente má no mundo, tanta gente mesquinha e cruel...tenho de voltar a afirmar, eu sou o rei e vocês não. Têm de perceber isso. Foi justiça, foi feita justiça!
OIM - O que é que vais fazer agora?
MJ - Vou relançar a minha carreira. Vou pegar em novos produtores, o Quincy Jones já não mexe nada. Já telefonei ao Pharrell Williams e ao Kanye West e vou lançar um álbum. O Timbaland não me atende o telefone, ele é mau. Quero só ter credibilidade para lançar uns singles. Ia também telefonar ao R. Kelly, mas o meu advogado disse-me que se calhar era melhor não telefonar...o céu é o limite, eu sou rei e vou continuar a reinar!
OIM - E as crianças ou as baleias ou lá aquelas cenas que querias salvar?
MJ - Temos de salvar a terra! Eu sou feito de plástico mas acho que devemos salvar a terra e o mundo! Já telefonei ao Bob Geldoff para ele me pôr no Live 8. Temos de salvar as crianças! Elas são tão bonitas...
OIM - Vamos lá, Michael, tu eras culpado ou não? Ninguém vai ler isto...havia algum fundo de verdade nas acusações?
MJ - Não, claro que não! As crianças são o melhor do mundo, são tão bonitas e nunca lhes faria mal.
OIM - O que é se passou com os narizes da tua família, pá?
MJ - Os nossos narizes mudaram todos misteriosamente, obviamente. Quando acordámos tínhamos todos narizes fininhos. Não teve a ver com operações plásticas. As pessoas dizem isso porque há uma conspiração para acabar com todo o meu sucesso. O meu lama passa a vida a dizer-me que isto tem de acabar, que eu tenho de fazer algo para acabar com todas estas cabalas.
OIM - E a tua irmã?
MJ - A LaToya vai muito bem...
OIM - Não é a LaToya, meu, ninguém quer saber dela, porra. É a Janet.
MJ - Eu sei, mas a LaToya passa a vida a dizer-me que quer que eu fale dela e não da Janet...a Janet vai bem. Aquela conspiração do FBI para o seio dela sair no intervalo da Superbowl fez-lhe muito mal. Ela esteve deprimida durante uns tempos, agora já não está. Ajudei-a muito...as pessoas esquecem-se de como é mau quando gozam connosco e quando acontecem coisas más. É por isso que eu gosto de ajudar. As crianças, o mundo, as baleias, as árvores...se estes elementos desaparecerem, o que será de nós? É uma luta constante, esta minha luta...
OIM - E os teus fãs? Têm-te apoiado?
MJ - Sim, os meus fãs são pessoas maravilhosas. Qualquer pessoa que me dedique a vida merece o céu. Adoro também todos aqueles que me imitam...
OIM - Até quando fazem o moonwalk?
MJ - NÃO! O moonwalk é meu. [por esta altura, Michael Jackson levanta-se e faz um moonwalk paupérrimo, estatelando-se no chão no final]
A ambulância veio minutos depois, e todo o caso foi encoberto pela imprensa, nomeadamente pelo Inimigo Musical. Só para podermos ter o exclusivo, porque fazemos tudo pelos nosso leitores. São eles que nos fazem andar para a frente, são eles que nos dão fôlego e força para continuar. Um pouco como Michael Jackson. Michael Jackson depende dos fãs, daqueles que o idolatram e nós também. O Inimigo Musical também. Michael Jackson e Inimigo Musical são quase sinónimos...
Ficou famoso nos anos 70, primeiro com os Jackson 5 e depois a solo, com o produtor Quincy Jones. Depois mudou de cor e começou a dizer que não interessava ser branco ou negro. Claro que não, nós sabemos, Michael. Nessa altura tinha como amigo Macaulay Culkin, que tinha uns 10 anos. Como é que ficou conotado como abusador de menores, não sabemos, é um mistério.
O IM foi encontrá-lo a três quarteirões do tribunal em Santa Maria, donde saiu sem falar com a imprensa. Estava vestido com um blazer cor-de-rosa, parecia ter a cara pintada e estava com duas dúzias de palhaços, que faziam malabarismo e vendiam algodão doce no quarteirão. O único órgão informativo com o qual Michael Jackson quis falar foi o IM.
O Inimigo Musical - Então, Michael? 'tá-se fixe?
Michael Jackson - Iá, 'tá-se dread, meu. Estou aqui no chillin' com os meus peeps.
OIM - 'tou a ver que sim, meu. Que linguagem é essa que estás a utilizar?
MJ - Sabes, meu, é a linguagem do ghetto, mas agora que já me topaste vou falar normalmente...era só para apelar a uma comunidade mais vasta. Sabes, é que a minha carreira já morreu. Quero voltar a vender. Vou mudar toda a minha vida. Vou deixar de dormir com crianças. Há gente que pensa que sou pedófilo e isso é horrível. As crianças são tão bonitas...
OIM - Bom, tu foste absolvido. Como é que te sentiste quando ouviste o veredicto?
MJ - Senti-me bem, isto era tudo uma conspiração racial e das editoras para me tirar do trono de rei da pop. Há tanta gente má no mundo, tanta gente mesquinha e cruel...tenho de voltar a afirmar, eu sou o rei e vocês não. Têm de perceber isso. Foi justiça, foi feita justiça!
OIM - O que é que vais fazer agora?
MJ - Vou relançar a minha carreira. Vou pegar em novos produtores, o Quincy Jones já não mexe nada. Já telefonei ao Pharrell Williams e ao Kanye West e vou lançar um álbum. O Timbaland não me atende o telefone, ele é mau. Quero só ter credibilidade para lançar uns singles. Ia também telefonar ao R. Kelly, mas o meu advogado disse-me que se calhar era melhor não telefonar...o céu é o limite, eu sou rei e vou continuar a reinar!
OIM - E as crianças ou as baleias ou lá aquelas cenas que querias salvar?
MJ - Temos de salvar a terra! Eu sou feito de plástico mas acho que devemos salvar a terra e o mundo! Já telefonei ao Bob Geldoff para ele me pôr no Live 8. Temos de salvar as crianças! Elas são tão bonitas...
OIM - Vamos lá, Michael, tu eras culpado ou não? Ninguém vai ler isto...havia algum fundo de verdade nas acusações?
MJ - Não, claro que não! As crianças são o melhor do mundo, são tão bonitas e nunca lhes faria mal.
OIM - O que é se passou com os narizes da tua família, pá?
MJ - Os nossos narizes mudaram todos misteriosamente, obviamente. Quando acordámos tínhamos todos narizes fininhos. Não teve a ver com operações plásticas. As pessoas dizem isso porque há uma conspiração para acabar com todo o meu sucesso. O meu lama passa a vida a dizer-me que isto tem de acabar, que eu tenho de fazer algo para acabar com todas estas cabalas.
OIM - E a tua irmã?
MJ - A LaToya vai muito bem...
OIM - Não é a LaToya, meu, ninguém quer saber dela, porra. É a Janet.
MJ - Eu sei, mas a LaToya passa a vida a dizer-me que quer que eu fale dela e não da Janet...a Janet vai bem. Aquela conspiração do FBI para o seio dela sair no intervalo da Superbowl fez-lhe muito mal. Ela esteve deprimida durante uns tempos, agora já não está. Ajudei-a muito...as pessoas esquecem-se de como é mau quando gozam connosco e quando acontecem coisas más. É por isso que eu gosto de ajudar. As crianças, o mundo, as baleias, as árvores...se estes elementos desaparecerem, o que será de nós? É uma luta constante, esta minha luta...
OIM - E os teus fãs? Têm-te apoiado?
MJ - Sim, os meus fãs são pessoas maravilhosas. Qualquer pessoa que me dedique a vida merece o céu. Adoro também todos aqueles que me imitam...
OIM - Até quando fazem o moonwalk?
MJ - NÃO! O moonwalk é meu. [por esta altura, Michael Jackson levanta-se e faz um moonwalk paupérrimo, estatelando-se no chão no final]
A ambulância veio minutos depois, e todo o caso foi encoberto pela imprensa, nomeadamente pelo Inimigo Musical. Só para podermos ter o exclusivo, porque fazemos tudo pelos nosso leitores. São eles que nos fazem andar para a frente, são eles que nos dão fôlego e força para continuar. Um pouco como Michael Jackson. Michael Jackson depende dos fãs, daqueles que o idolatram e nós também. O Inimigo Musical também. Michael Jackson e Inimigo Musical são quase sinónimos...
quinta-feira, junho 02, 2005
UM FADUNCHO LANÇAM DISCO
Aproveitando o sucesso internacional do agrupamento Il Divo, que se dedica a gravar versôes de êxitos pop-rock em formato boyband-com-voz-de-cantor-de-ópera, a NZ Produções, responsável pela carreira dos Excesso e D'ZRT, apresentará em breve o seu novo projecto. Intitulado Um Faduncho, e composto por quatro rapazes entre os 21 e 26 anos, será dedicado à gravação de êxitos contemporâneos portugueses em timbre fadista, com acompanhamento de guitarras portuguesas sampladas, e beats oferecidos pelos Santamaria. Alex, Vítor, Bruno e Toneca, os quatro membros da banda, assinaram já um contracto de sponsoring com a Saccoor Brothers para exclusividade no vestuário, e têm já marcadas actuações no Musicais e no bar da Fátima Lopes. Entre as canções gravadas pelos Um Faduncho, estão versões de "Ok Do You Want Something Simple?" (The Gift), "Carta" (Toranja), "Momento" (Pedro Abrunhosa), "Re-Tratamento" (Da Weasel) e "Baza Baza" (Boss AC). Sobre o apelo para o público feminino de quatro marmanjos com roupas da Saccoor, e ar de estilosos frequentadores da Kapital, a cantarem Clã ao estilo fado, Bruno e Toneca afirmaram ao IM "Eh pá! Ya! Pá! Hehe! Altamente! LOLOLOLOL!"
segunda-feira, maio 30, 2005
MARGARIDA NO SUPER BOCK SUPER ROCK
A convite do meu amigo Luís, fui ao Super Bock Super Rock. A música nunca me diz muito, mas existem alguns rapazes giros nas bandas que lá tocaram. Especialmente aquele miúdo dos Incubus. Será que já fez 20 anos? Alguém me arranja o número dele?
Cheguei no primeiro dia às 7 da noite. O Vasco veio-me buscar no seu descapotável vermelho novo. Foi simpático. Tinha-o conhecido num desfile da Fátima Lopes duas semanas antes.
Nunca fui grande fã do catering que as promotoras de festivais contratam. A área VIP do Super Bock Super Rock tinha alguns rissóis e croquetes bons, mas mais nada. Gostei de alguns dos bifes, também, mas o arroz era muito mau. Em termos de bebidas, eu não sou uma pindérica qualquer. Não bebo cerveja, cerveja é para as classes baixas. Devia haver um Moët et Chandon para mim, especial. Um gin tónico, um Martini...a área está cada vez mais mal frequentada. Vi lá jornalistas, alguns muito mal vestidos. Alguns deles – e custa-me muito sequer pensar nisto – nem tinham roupa de marca. Acho que deviam separar a área VIP da área de imprensa, não quero misturar-me com estes tipos. Mas havia uns bem bonitos, especialmente da imprensa online.
Dá-me ideia que o rapaz dos Bizarra Locomotiva, se fosse mais novo e cortasse o cabelo, seria um bom partido. Os miúdos que vieram a seguir eram muito novos e giros, mas não gostei do barulho que faziam. Aqueles ingleses no palco principal, os Louie, eram muito giros e seguiam as modas bem. São ingleses, rapazes ingleses são sempre muito bonitos. Gostei de vê-los depois na zona VIP, até falei com eles. Ia oferecer-lhes boleia, mas não foi possível. Tinha vindo com o Vasco, que entretanto nem sabia onde estava. Ofereceram-me eles. Combinámos que logo quando acabasse o concerto dos Prodigy íamos juntos para casa na limousine deles. Mas nunca mais os encontrei. Foi um golpe no meu coração. Acabei por encontrar o Vasco outra vez e lá fui eu para as minhas águas-furtadas no Chiado.
No segundo dia já cheguei mais tarde. Tinha-me fartado do Vasco, ele passou lá por casa e mandei-o dar uma curva. É que descobri que a família dele já não tinha dinheiro. Ora isto não podia ser, mesmo que ele fosse muito giro. Mesmo muito, muito giro. E era um rapaz acima de tudo sensual.
Rumei ao Parque das Nações sozinha, como quem procura um amor. Como quem vive sozinha e não tem medo de afirmar-se como mulher forte, independente e segura de si. Sentia-me terrivelmente mal, não estava acompanhada. Tantos e tantos amigos que encontrei na zona VIP me perguntaram pelo acompanhante que era suposto eu ter. Respondi que ele demorava tempo, que ele já vinha aí.
Na música gostei dos jovens Loto. Podem não ser muito giros, mas a música deles tem muita energia e genica. Os New Order são como que uma imitação deles, só que mais velhos e ainda mais feios. Não gostei muito. Os Black Eyed Peas é que deram o concerto da noite. Passam muito na Kapital e lembro-me de grandes momentos com o Duarte ao som daquilo.
Voltei para casa a meio do Moby. Ouvi dizer que ele tinha um desprezo tanto pelo dinheiro que não consegui aguentar. Foi tão mau que nem consegui aguentar o facto de estar sozinha. Lá estava eu, uma pobre trintona, a caminho dos quarenta anos, sozinha. Tantos e tantos planos para esta idade, para esta década, e nada. Fui para casa comer Häagen-Dazs e ver o DVD da 2ª série do Sexo e a Cidade que comprei pela Internet.
No dia seguinte, ou seja, ontem, acordei cedo, dei uma volta pelo meu Chiado e o ar puro entrou-me pelos pulmões adentro. Decidi, ali e naquele momento, que nunca mais ia sentir pena de mim própria. Sou uma mulher determinada e séria. São só 30 anos, Margarida! Só 30 anos.
Decidi não ir ao terceiro dia do festival. Fui comer uma pizza à Bica do Sapato. Esqueci-me que era domingo e que o Lux estava fechado. Partiu-me o coração. Decidi rumar ao Parque das Nações. Afinal fui. Vi o Marilyn Manson. Não gostei, ele veste-se muito mal e os fãs dele metem-me medo. Voltei para casa, mas antes conheci-o.
O nome dele era Francisco. O Francisco tem 25 anos e já é um executivo de sucesso. Para além disso, é dos rapazes mais bonitos que vi na última semana. Tinha-lhe acontecido exactamente o mesmo que me aconteceu. Comeu uma pizza na Bica do Sapato e percebeu que o Lux estava fechado. Somos almas gémeas. Nem sei como é que não nos encontrámos logo, íamos até partilhando um táxi, mas eu não deixei. Não costumo deixar estranhos à noite partilharem táxis comigo. Foi só daquela vez, mas dessa vez não conta. Não tinha visto a cara dele, aqueles olhos que mexem tanto comigo...
Voltei para casa com o número do Francisco no telemóvel. Um dia destes telefono-lhe e digo-lhe que gostava de me desencontrar com ele uma vez mais na Bica do Sapato. Por agora sou só eu e os meus 30 anos nas minhas águas-furtadas no Chiado. Pela primeira vez na vida, sinto-me bem sozinha, comigo mesma.
Cheguei no primeiro dia às 7 da noite. O Vasco veio-me buscar no seu descapotável vermelho novo. Foi simpático. Tinha-o conhecido num desfile da Fátima Lopes duas semanas antes.
Nunca fui grande fã do catering que as promotoras de festivais contratam. A área VIP do Super Bock Super Rock tinha alguns rissóis e croquetes bons, mas mais nada. Gostei de alguns dos bifes, também, mas o arroz era muito mau. Em termos de bebidas, eu não sou uma pindérica qualquer. Não bebo cerveja, cerveja é para as classes baixas. Devia haver um Moët et Chandon para mim, especial. Um gin tónico, um Martini...a área está cada vez mais mal frequentada. Vi lá jornalistas, alguns muito mal vestidos. Alguns deles – e custa-me muito sequer pensar nisto – nem tinham roupa de marca. Acho que deviam separar a área VIP da área de imprensa, não quero misturar-me com estes tipos. Mas havia uns bem bonitos, especialmente da imprensa online.
Dá-me ideia que o rapaz dos Bizarra Locomotiva, se fosse mais novo e cortasse o cabelo, seria um bom partido. Os miúdos que vieram a seguir eram muito novos e giros, mas não gostei do barulho que faziam. Aqueles ingleses no palco principal, os Louie, eram muito giros e seguiam as modas bem. São ingleses, rapazes ingleses são sempre muito bonitos. Gostei de vê-los depois na zona VIP, até falei com eles. Ia oferecer-lhes boleia, mas não foi possível. Tinha vindo com o Vasco, que entretanto nem sabia onde estava. Ofereceram-me eles. Combinámos que logo quando acabasse o concerto dos Prodigy íamos juntos para casa na limousine deles. Mas nunca mais os encontrei. Foi um golpe no meu coração. Acabei por encontrar o Vasco outra vez e lá fui eu para as minhas águas-furtadas no Chiado.
No segundo dia já cheguei mais tarde. Tinha-me fartado do Vasco, ele passou lá por casa e mandei-o dar uma curva. É que descobri que a família dele já não tinha dinheiro. Ora isto não podia ser, mesmo que ele fosse muito giro. Mesmo muito, muito giro. E era um rapaz acima de tudo sensual.
Rumei ao Parque das Nações sozinha, como quem procura um amor. Como quem vive sozinha e não tem medo de afirmar-se como mulher forte, independente e segura de si. Sentia-me terrivelmente mal, não estava acompanhada. Tantos e tantos amigos que encontrei na zona VIP me perguntaram pelo acompanhante que era suposto eu ter. Respondi que ele demorava tempo, que ele já vinha aí.
Na música gostei dos jovens Loto. Podem não ser muito giros, mas a música deles tem muita energia e genica. Os New Order são como que uma imitação deles, só que mais velhos e ainda mais feios. Não gostei muito. Os Black Eyed Peas é que deram o concerto da noite. Passam muito na Kapital e lembro-me de grandes momentos com o Duarte ao som daquilo.
Voltei para casa a meio do Moby. Ouvi dizer que ele tinha um desprezo tanto pelo dinheiro que não consegui aguentar. Foi tão mau que nem consegui aguentar o facto de estar sozinha. Lá estava eu, uma pobre trintona, a caminho dos quarenta anos, sozinha. Tantos e tantos planos para esta idade, para esta década, e nada. Fui para casa comer Häagen-Dazs e ver o DVD da 2ª série do Sexo e a Cidade que comprei pela Internet.
No dia seguinte, ou seja, ontem, acordei cedo, dei uma volta pelo meu Chiado e o ar puro entrou-me pelos pulmões adentro. Decidi, ali e naquele momento, que nunca mais ia sentir pena de mim própria. Sou uma mulher determinada e séria. São só 30 anos, Margarida! Só 30 anos.
Decidi não ir ao terceiro dia do festival. Fui comer uma pizza à Bica do Sapato. Esqueci-me que era domingo e que o Lux estava fechado. Partiu-me o coração. Decidi rumar ao Parque das Nações. Afinal fui. Vi o Marilyn Manson. Não gostei, ele veste-se muito mal e os fãs dele metem-me medo. Voltei para casa, mas antes conheci-o.
O nome dele era Francisco. O Francisco tem 25 anos e já é um executivo de sucesso. Para além disso, é dos rapazes mais bonitos que vi na última semana. Tinha-lhe acontecido exactamente o mesmo que me aconteceu. Comeu uma pizza na Bica do Sapato e percebeu que o Lux estava fechado. Somos almas gémeas. Nem sei como é que não nos encontrámos logo, íamos até partilhando um táxi, mas eu não deixei. Não costumo deixar estranhos à noite partilharem táxis comigo. Foi só daquela vez, mas dessa vez não conta. Não tinha visto a cara dele, aqueles olhos que mexem tanto comigo...
Voltei para casa com o número do Francisco no telemóvel. Um dia destes telefono-lhe e digo-lhe que gostava de me desencontrar com ele uma vez mais na Bica do Sapato. Por agora sou só eu e os meus 30 anos nas minhas águas-furtadas no Chiado. Pela primeira vez na vida, sinto-me bem sozinha, comigo mesma.
sexta-feira, maio 27, 2005
E-MAIL DO INIMIGO MUSICAL
Olá jovem! Estás bom? Já recuperaste dos ácidos marados que te deram no Lux no fim-de-semana passado? O que se passa é muito simples e é o seguinte:
Sabemos que nos odeias. Sabemos que não nos podes ver à frente. Não desesperes mais! Não há razão para isso. Sempre que te irritares com alguma coisa que apareça aqui, manda-nos um e-mail! A melhor prosa odiosa que me for endereçada recebe um prémio. Por "prémio" quer dizer que será publicada aqui no blog.
Vamos! De que é que estás à espera?
Sabemos que nos odeias. Sabemos que não nos podes ver à frente. Não desesperes mais! Não há razão para isso. Sempre que te irritares com alguma coisa que apareça aqui, manda-nos um e-mail! A melhor prosa odiosa que me for endereçada recebe um prémio. Por "prémio" quer dizer que será publicada aqui no blog.
Vamos! De que é que estás à espera?
E-mail do Inimigo Musical. Mostra ao mundo o quanto nos odeias.
terça-feira, maio 24, 2005
AIMEE MANN EDITA "ELSA"
A cantora norte-americana Aimee Mann, conhecida pela sua impiedosa dissecação das minúcias das relações amorosas, encontra-se a gravar um álbum dedicado à conhecida socialite portuguesa Elsa Raposo. "Elsa", singelo título do disco, irá ser totalmente preenchido por canções relatando as diversas desventuras da ex-apresentadora do "Sex Appeal", compostas após um aturado estudo das páginas das revistas Nova Gente, TV Mais, TV Guia, Lux e Caras. Questionada pelo IM à saída de um cinema degradado, Mann disse estar consciente das dificuldades do seu projecto, mas afirmou estar confiante no sucesso artístico e comercial ("Principalmente se puser uma foto da gaja em bikini há uns 10 anos na capa", afirmou). Rumoures de que Pedro Santana Lopes e as Santanetes, e os diversos jogos amorosos de "Morangos Com Açúcar" seriam outros temas para o futuro discográfico de Aimee Mann não foram confirmados, devido ao ruído no pavilhão onde se disputavam combates de boxe ilegais em que foi feita a questão. Quanto a Elsa Raposo, agarrou numa fita métrica para medir o tamanho das mamas e recusou-se a responder às nossas questões
sábado, maio 21, 2005
EDITORIAL
Jack Johnson actua hoje à noite no Coliseu de Lisboa. Pitas, vintonas, trintonas, gajos à espera de engate e toda a população do concelho de Cascais farão parte do público. Devemos parar para pensar. Parar para reflectir. Que país é este? Um homem vem do Havai com uma guitarra e sendo a bitch do Ben Harper e esgota um Coliseu. Outrora arena de luta entre escravos e animais selvagens, este Coliseu será palco para o tipo mais irritante dos últimos tempos.
Quantas relações pouco duradouras começarão e acabarão no espaço de uma hora, duas horas, duas horas e meia que durará o concerto? Ninguém sabe ao certo. O que é certo é que acontecerá muita coisa durante esse tempo. Desde os tipos com piercings na orelha a cantar cada "La la la", cada vez que se diz "life", em frases como "No one told me life was hard" ou coisas parecidas até às quarentonas e cinquentonas que vão com as filhas adolescentes, muita coisa acontecerá. Vai ser a grande noite. Vai ser o primeiro contacto de muita gente com a música ao vivo. As crianças vão sair de Cascais, vão para a grande cidade, a grande Lisboa.
A praia sobe ao palco do Coliseu hoje à noite. Donavon Frankenqualquercoisa também estará lá, a fazer a primeira parte ou lá o que é. Para quem não conhece, Donovan Frankenqualquercoisa é Jack Johnson menos giro, com um nome impronunciável e a lançar discos com capas à Nick Drake que enganam gente. Que raio de país é este, malta, que raio de país é este?
Quantas relações pouco duradouras começarão e acabarão no espaço de uma hora, duas horas, duas horas e meia que durará o concerto? Ninguém sabe ao certo. O que é certo é que acontecerá muita coisa durante esse tempo. Desde os tipos com piercings na orelha a cantar cada "La la la", cada vez que se diz "life", em frases como "No one told me life was hard" ou coisas parecidas até às quarentonas e cinquentonas que vão com as filhas adolescentes, muita coisa acontecerá. Vai ser a grande noite. Vai ser o primeiro contacto de muita gente com a música ao vivo. As crianças vão sair de Cascais, vão para a grande cidade, a grande Lisboa.
A praia sobe ao palco do Coliseu hoje à noite. Donavon Frankenqualquercoisa também estará lá, a fazer a primeira parte ou lá o que é. Para quem não conhece, Donovan Frankenqualquercoisa é Jack Johnson menos giro, com um nome impronunciável e a lançar discos com capas à Nick Drake que enganam gente. Que raio de país é este, malta, que raio de país é este?
sexta-feira, maio 13, 2005
ENTREVISTA COM TRENT REZNOR (NINE INCH NAILS)
Como muita gente diz, With Teeth, o novo álbum dos Nine Inch Nails, é um grande disco. Supostamente, uma entrevista não é uma crítica, logo não deve conter a opinião de quem a escreve. Mas não desesperem, meus amigos, eu odeio os Nine Inch Nails com veemência. Ou seja, a opinião expressa nesta introdução estúpida não é minha. Sem mais demoras, fomos encontrar Trent Reznor num cemitério: (nota do entrevistador: leia-se "na creche de um dos putos dele, que o tipo é casado, tem três fedelhos e guia um monovolume prateado"):
O Inimigo Musical- Então, meu? Como é que vai isso, pá?
Trent Reznor- Tudo bem, vim buscar o fedelho aqui à cena. Isto é caríssimo, paga-se bué, mas não quero que nenhum dos meus putos venha a crescer como eu (nota do entrevistador: leia-se "chato, pretensioso e com um passado negro que inclui a total responsabilidade pelo monstro que é Marilyn Manson"). A minha mulher e eu já passámos tempos melhores, mas, foda-se, é tão bom ser normal. Aqueles discos são todos a gozar, eu não sou assim.
OIM- Coisas fortes, como "I will make you hurt" são a gozar?
TR- Foda-se, não acredito que acreditas nisso. Também acreditas no Pai Natal? Acreditas que gravei um disco na casa do Charles Manson? Meu, deixa de ver TV, pá. Tenho medo dessas cenas, se alguma vez sequer passasse ao lado da casa do Charles Manson começaria a chorar e a gritar pela mamã.
OIM- Deixa ver se percebi, tu tens 40 anos mas ainda tratas a tua mãe por mamã?
TR- Claro, e ainda durmo com o meu ursinho da sorte. Pá, não escrevas isto na entrevista, diz que é um ursinho da morte e não da sorte. Tenho uma reputação a manter. Há putos de 12 anos que ainda acreditam que eu sou bué fodido dos cornos e o caraças. Meu deus, olha para mim, eu até aperto o botão de cima da camisa, meu. Tocar ao vivo, fazer vídeos e tirar fotografias promocionais é a pior coisa para mim. Mas dá-me dinheiro e assim posso pagar a minha mansão em Malibu.
OIM- E então? O que achas do With Teeth?
TR- Aquilo é uma merda. Mas tinha umas dívidas para pagar. Dou-te um conselho, pá, se os teus putos alguma vez pedirem um daqueles castelos insufláveis lá para fora, compra em promoção. Aquelas cenas são bué caras. Tive logo de lançar um disco novo para poder pagar. Os putos são tipo o meu orgulho, meu. Eles e a minha mansão.
OIM- Quer dizer que és um americano típico?
TR- Sim, e com orgulho. Jogo golfe e o caraças. És de Portugal? Fogo, uns amigos meus com quem jogo golfe dizem que há um sítio...o Al...
OIM- Algarve.
TR- Sim, isso, que tem bons campos de golfe. Vou levar a família lá.
OIM- Então és um gajo que curte golfe, hein? Quem diria?
TR- Não sei, os putos que andei a enganar estes anos todos não.
OIM- Como foi ter o Johnny Cash a tocar um tema teu (n. do e.: leia-se "a transformar algo péssimo em algo sublime")?
TR- Fiquei todo fodido, o velho morreu antes de saber que eu não estou a falar a sério. Mas gostei do trabalho do gajo, foi bué escuro sem ser escuro. Adorava ser como ele e assustar ainda mais pessoas.
OIM- Para isso é preciso algo chamado "talento"...
TR- Hum...talvez, nunca tive disso. Mas eu ganho rios e rios de dinheiro, quanto é que ganhas?
OIM- Faço isto de graça.
TR- Hum-hum.
OIM- Pois. Já percebi. Tu és rico e eu não.
TR- Exactamente. Mas, se fores a ver, a cena que eu faço não é nada difícil. É só pegares numa guitarra, num teclado e numa máquina qualquer básica, fazer uns acordes, uma batida, uma melodia manhosa, e dizer que queres morrer. Os putos todos adoram essa merda, meu. E ganhas rios e rios e rios de dinheiro. É sempre assim. Meti-me nisto porque não tinha nada para fazer. Ganhei o meu primeiro milhão a dizer coisas nas quais não acredito.
OIM- Não te sentes uma fraude?
TR- Não, pá. Vê se percebes, há fins que justificam os meios, especialmente se esses fins envolverem dinheiro.
OIM- E o Marilyn Manson?
TR- Não há dinheiro suficiente no mundo para justificar aquilo. Por isso é que eu saí quando percebi o monstro que tinha criado. Sou um bocado como o Frankenstein, só que o gajo ainda é mais rico que eu. Mas é tão ou mais fraudulento que eu. O gajo é vizinho do Sylvester Stallone, joga golfe com o Tom Cruise e estava na agenda da Paris Hilton. É um gajo todo coisinho, já vai no quinto divórcio e joga poker todas as terças-feiras. Eu matava para entrar no country club onde o gajo está, é do caralho.
OIM- Bem, estou farto desta merda. O que é fixe quando estás a inventar entrevistas à meia-noite é que podes parar quando quiseres...obrigado, Trent, és um gajo fixe, apesar de eu odiar a tua música.
TR- Nem considero aquela merda música. Obrigado por teres inventado uma entrevista comigo. Quando for ao Algarve mando-te uma apitadela, OK?
OIM- É melhor não, está bem?
TR- Pronto, e se eu te der dinheiro?
OIM- Não, o Inimigo Musical não está à venda *.
TR- OK. Eu percebo. Há gajos com princípios, eu não sou um deles, mas compreendo. Adeus, foi bom conhecer-te.
* Trent, se estiveres a ler esta merda manda-me um e-mail, ainda quero esse dinheiro.
O Inimigo Musical- Então, meu? Como é que vai isso, pá?
Trent Reznor- Tudo bem, vim buscar o fedelho aqui à cena. Isto é caríssimo, paga-se bué, mas não quero que nenhum dos meus putos venha a crescer como eu (nota do entrevistador: leia-se "chato, pretensioso e com um passado negro que inclui a total responsabilidade pelo monstro que é Marilyn Manson"). A minha mulher e eu já passámos tempos melhores, mas, foda-se, é tão bom ser normal. Aqueles discos são todos a gozar, eu não sou assim.
OIM- Coisas fortes, como "I will make you hurt" são a gozar?
TR- Foda-se, não acredito que acreditas nisso. Também acreditas no Pai Natal? Acreditas que gravei um disco na casa do Charles Manson? Meu, deixa de ver TV, pá. Tenho medo dessas cenas, se alguma vez sequer passasse ao lado da casa do Charles Manson começaria a chorar e a gritar pela mamã.
OIM- Deixa ver se percebi, tu tens 40 anos mas ainda tratas a tua mãe por mamã?
TR- Claro, e ainda durmo com o meu ursinho da sorte. Pá, não escrevas isto na entrevista, diz que é um ursinho da morte e não da sorte. Tenho uma reputação a manter. Há putos de 12 anos que ainda acreditam que eu sou bué fodido dos cornos e o caraças. Meu deus, olha para mim, eu até aperto o botão de cima da camisa, meu. Tocar ao vivo, fazer vídeos e tirar fotografias promocionais é a pior coisa para mim. Mas dá-me dinheiro e assim posso pagar a minha mansão em Malibu.
OIM- E então? O que achas do With Teeth?
TR- Aquilo é uma merda. Mas tinha umas dívidas para pagar. Dou-te um conselho, pá, se os teus putos alguma vez pedirem um daqueles castelos insufláveis lá para fora, compra em promoção. Aquelas cenas são bué caras. Tive logo de lançar um disco novo para poder pagar. Os putos são tipo o meu orgulho, meu. Eles e a minha mansão.
OIM- Quer dizer que és um americano típico?
TR- Sim, e com orgulho. Jogo golfe e o caraças. És de Portugal? Fogo, uns amigos meus com quem jogo golfe dizem que há um sítio...o Al...
OIM- Algarve.
TR- Sim, isso, que tem bons campos de golfe. Vou levar a família lá.
OIM- Então és um gajo que curte golfe, hein? Quem diria?
TR- Não sei, os putos que andei a enganar estes anos todos não.
OIM- Como foi ter o Johnny Cash a tocar um tema teu (n. do e.: leia-se "a transformar algo péssimo em algo sublime")?
TR- Fiquei todo fodido, o velho morreu antes de saber que eu não estou a falar a sério. Mas gostei do trabalho do gajo, foi bué escuro sem ser escuro. Adorava ser como ele e assustar ainda mais pessoas.
OIM- Para isso é preciso algo chamado "talento"...
TR- Hum...talvez, nunca tive disso. Mas eu ganho rios e rios de dinheiro, quanto é que ganhas?
OIM- Faço isto de graça.
TR- Hum-hum.
OIM- Pois. Já percebi. Tu és rico e eu não.
TR- Exactamente. Mas, se fores a ver, a cena que eu faço não é nada difícil. É só pegares numa guitarra, num teclado e numa máquina qualquer básica, fazer uns acordes, uma batida, uma melodia manhosa, e dizer que queres morrer. Os putos todos adoram essa merda, meu. E ganhas rios e rios e rios de dinheiro. É sempre assim. Meti-me nisto porque não tinha nada para fazer. Ganhei o meu primeiro milhão a dizer coisas nas quais não acredito.
OIM- Não te sentes uma fraude?
TR- Não, pá. Vê se percebes, há fins que justificam os meios, especialmente se esses fins envolverem dinheiro.
OIM- E o Marilyn Manson?
TR- Não há dinheiro suficiente no mundo para justificar aquilo. Por isso é que eu saí quando percebi o monstro que tinha criado. Sou um bocado como o Frankenstein, só que o gajo ainda é mais rico que eu. Mas é tão ou mais fraudulento que eu. O gajo é vizinho do Sylvester Stallone, joga golfe com o Tom Cruise e estava na agenda da Paris Hilton. É um gajo todo coisinho, já vai no quinto divórcio e joga poker todas as terças-feiras. Eu matava para entrar no country club onde o gajo está, é do caralho.
OIM- Bem, estou farto desta merda. O que é fixe quando estás a inventar entrevistas à meia-noite é que podes parar quando quiseres...obrigado, Trent, és um gajo fixe, apesar de eu odiar a tua música.
TR- Nem considero aquela merda música. Obrigado por teres inventado uma entrevista comigo. Quando for ao Algarve mando-te uma apitadela, OK?
OIM- É melhor não, está bem?
TR- Pronto, e se eu te der dinheiro?
OIM- Não, o Inimigo Musical não está à venda *.
TR- OK. Eu percebo. Há gajos com princípios, eu não sou um deles, mas compreendo. Adeus, foi bom conhecer-te.
* Trent, se estiveres a ler esta merda manda-me um e-mail, ainda quero esse dinheiro.
terça-feira, maio 10, 2005
ESTUDANTE HOSPITALIZADO POR COLEGAS
Um estudante da Faculdade de Medicina Veterinária, em Lisboa, deu hoje entrada no Hospital Santa Maria, com múltiplas escoriações, oito dentes partidos, fracturas múltiplas nas costelas, tíbias e bacia, e fragmentos de vidro no couro cabeludo. Sidónio Afonso, 19 anos, cometeu o erro de confessar a um grupo que conversava no bar da universidade, que "Queria muito ir à Queima, para ver o concerto dos...". Antes que Sidónio concluísse a frase, o grupo, estupefacto por ouvir alguém ter a coragem de dizer que ia à Queima não para se embebedar de shots marados e cerveja barata, começou a gritar, em uníssono "HEREGE!" e "CASTIGUEM O TRAIDOR!". Após uma rápida perseguição, Sidónio foi levado para uma rua estreita nas proximidades, e espancado durante largos minutos com tijolos enrolados em trajes académicos, e copos com cerveja choca! O grupo, auto-intitulado DEQO (Defensores do Espírito da Queima Ócaralho), promete o mesmo tratamento a todos aqueles que forem vistos a entoar sóbrio o refrão de qualquer música que não seja um single tocado repetidas vezes na rádio. Sidónio, embora incapacitado de falar, escreveu num papel fornecido pelo IM que está triste, mas espera recuperar a tempo de ir a Gaza no Verão.
quarta-feira, maio 04, 2005
MANOEL DE OLIVEIRA PRESO NA ARÁBIA SAUDITA
O veterano cineasta português Manoel de Oliveira foi anteontem preso na Arábia Saudita. Segundo as autoridades sauditas, Oliveira terá sido capturado por suspeita de consumo de drogas, tendo mesmo sido encontrada uma beata incriminatória no cinzeiro do apartamento onde se encontrava na altura com um amigo. Tudo terá partido de uma denúncia de uma ex-namorada do amigo, que se vingou por não ter gostado de um convite do realizador para uma “festa marota”. A jovem (67 anos) apresentou-se na polícia local e denunciou a situação, levando à prisão de Oliveira, o que agora coloca em risco a última produção do cineasta: “O Camelo de Dom Sebastião”, uma adaptação do último romance de Agustina Bessa Luís à aridez saudita tendo como pano de fundo o mito do sebastianismo, o V Império e a liderança do campeonato pelo Benfica. Em declarações exclusivas ao IM, o realizador já afirmou estar conformado com a situação, lamentando apenas o desgosto que deu aos seus pais: “É que eles não sabiam que eu fumava ganzas!”
segunda-feira, maio 02, 2005
MI5 PROTEGE BOOTLEGGER DE RADIOHEAD
"Lucky" Lenny, fanático obsessivo da banda de Oxford, de 28 anos de idade, está sob protecção dos agentes do serviço secreto britânico, para se esconder daqueles que fariam tudo para ouvir a gravação que tem em seu poder. Lenny, carpinteiro de profissão, e "stalker" nas horas vagas, encontrava-se escondido numa sebe, quando Ed O'Brien, guitarrista dos Radiohead, passou pela rua, assobiando uma melodia, que Lenny gravou no seu Minidisc. Enquanto ouvia repetidamente os 12 segundos de gravação no metro, Lenny foi abordado por passageiros que lhe perguntaram o que era aquilo. Para seu azar, outros fanáticos de Radiohead ouviram, e Lenny viu-se perseguido por onde quer que fosse, por hordas de gente com t-shirts com slogans anti-consumismo, desesperadas por ouvirem qualquer nova gravação dos seus ídolos. Após algumas perseguições a alta velocidade por autoestradas, noites em claro devido a tentativas de arrombar a porta da sua residência, e bilhetes ameaçadores juntamente com o leite matinal, Lenny resolveu pedir a ajuda dos serviços do MI5. Contactada pelo IM, uma fonte do MI5 recusou-se a divulgar a localização de Lenny, mas não se escusou a comentar a gravação que esteve na base de todas estas peripécias: "Eh pá, eu cá acho que aquilo é o riff da 'Paradise City' dos Guns N'Roses. Mas quem sou eu para falar assim dos assobios de um guitarrista dos Radiohead? Aquilo só pode ser uma obra de arte!"
domingo, maio 01, 2005
OBITUÁRIO DE KENNY G
Por um momento, um breve momento, vou deixar a objectividade jornalística a que este órgão de informação não obriga mesmo nada. Vou falar da minha experiência pessoal, de algo que Jeff Tweedy dos Wilco um dia cantou. Em "Ashes of American Flags", de Yankee Hotel Foxtrot, cantava-se All my lies are only wishes. E é isto que é esta notícia-obituário, um desejo que eu não gostava que fosse mentira.
Kenny G foi encontrado morto hoje na sua mansão nos subúrbios de Seattle, Washington.
Pouco ou nada se sabe sobre a forma como faleceu, existem várias versões, todas elas contraditórias. Fontes próximas de G - nunca seus amigos, pois G nunca teve amigos - dizem que o saxofonista morreu de ataque cardíaco enquanto falava ao telefone com Vangelis, um dos seus músicos favoritos. A sua empregada apressa-se a contrariar, dizendo que G foi espancado até à morte com o seu próprio saxofone por alguém que tinha de andar de elevador todos os dias e estava farto do "músico".
Kenny G, cujo nome verdadeiro é Kenneth Gorelick, começou a irritar pessoas na Love Unlimited Orchestra de Barry White. Contabilista formado pela Universidade de Washington, embarcou numa carreira a solo em 1981 pela Arista Records. Foi nessa altura que começou a ser odiado por mais e mais gente. A fórmula dele é simples, pegar em temas que por vezes até podem ter piada ao princípio e sugar-lhes a alma toda, transformando-os em música para yuppies sem sentimento, elevadores e/ou para consultórios de dentistas, tudo isto com a ajuda do seu fiel saxofone soprano. Nunca tocou grande coisa, mas isso não o impediu de vender discos e lançar uma média de 2,5 discos de natal por segundo nos últimos 20 anos.
Odiado por quase toda a gente com um cérebro que vive no mundo inteiro - hoje em isso não engloba muita gente - um dos seus maiores crimes foi ter pegado num tema de Louis Armstrong, "What a Wonderful World", e tê-lo transformado no equivalente a uma banda-sonora de um filme cujo protagonista é um Richard Gere de terceira categoria. Sendo que o Richard Gere já é originalmente de terceira categoria, façam as contas. Podemos argumentar que "What a Wonderful World" é um dos temas mais irritantes de sempre - e é - mas o Kenny G levou aquilo tudo a um outro nível completamente diferente.
O funeral de Kenny G realizar-se-á em Washington, convidar-se-á George W. Bush e todo o seu governo, bem como grandes figuras da música. Michael Bolton, Whitney Houston, Céline Dion, entre muitas outras, marcarão presença naquele que será o alvo mais apetecido dos bombistas nos últimos tempos. Logo depois todo o mundo sorrirá e fará uma festa.
Kenny G morreu, que Deus não dê paz à sua alma, já que ele próprio também não deu paz aos nossos ouvidos.
Kenny G foi encontrado morto hoje na sua mansão nos subúrbios de Seattle, Washington.
Pouco ou nada se sabe sobre a forma como faleceu, existem várias versões, todas elas contraditórias. Fontes próximas de G - nunca seus amigos, pois G nunca teve amigos - dizem que o saxofonista morreu de ataque cardíaco enquanto falava ao telefone com Vangelis, um dos seus músicos favoritos. A sua empregada apressa-se a contrariar, dizendo que G foi espancado até à morte com o seu próprio saxofone por alguém que tinha de andar de elevador todos os dias e estava farto do "músico".
Kenny G, cujo nome verdadeiro é Kenneth Gorelick, começou a irritar pessoas na Love Unlimited Orchestra de Barry White. Contabilista formado pela Universidade de Washington, embarcou numa carreira a solo em 1981 pela Arista Records. Foi nessa altura que começou a ser odiado por mais e mais gente. A fórmula dele é simples, pegar em temas que por vezes até podem ter piada ao princípio e sugar-lhes a alma toda, transformando-os em música para yuppies sem sentimento, elevadores e/ou para consultórios de dentistas, tudo isto com a ajuda do seu fiel saxofone soprano. Nunca tocou grande coisa, mas isso não o impediu de vender discos e lançar uma média de 2,5 discos de natal por segundo nos últimos 20 anos.
Odiado por quase toda a gente com um cérebro que vive no mundo inteiro - hoje em isso não engloba muita gente - um dos seus maiores crimes foi ter pegado num tema de Louis Armstrong, "What a Wonderful World", e tê-lo transformado no equivalente a uma banda-sonora de um filme cujo protagonista é um Richard Gere de terceira categoria. Sendo que o Richard Gere já é originalmente de terceira categoria, façam as contas. Podemos argumentar que "What a Wonderful World" é um dos temas mais irritantes de sempre - e é - mas o Kenny G levou aquilo tudo a um outro nível completamente diferente.
O funeral de Kenny G realizar-se-á em Washington, convidar-se-á George W. Bush e todo o seu governo, bem como grandes figuras da música. Michael Bolton, Whitney Houston, Céline Dion, entre muitas outras, marcarão presença naquele que será o alvo mais apetecido dos bombistas nos últimos tempos. Logo depois todo o mundo sorrirá e fará uma festa.
Kenny G morreu, que Deus não dê paz à sua alma, já que ele próprio também não deu paz aos nossos ouvidos.
terça-feira, abril 19, 2005
BENEDETTO XVI EM ENTREVISTA EXCLUSIVA!
Após uma sessão de fumo que envergonharia o próprio Snoop Dogg, Joseph Ratzinger transformou-se em Bento XVI. O novo Papa tem-se interessado muito pela música, pelo que O Inimigo Musical foi encontrá-lo no Vaticano a comer umas pernas de frango com as mãos e a lambuzar-se todo:
O Inimigo Musical- O que é que o senhor tem contra a música pop-rock?
Papa Bento XVI- Basicamente não gosto do não saberem tocar e dos ritmos básicos 4/4 dos quais já estou farto. Bom, quando começou este revival todo do garage-rock até gostei, comprei uns All Star e tudo, mas hoje em dia não quero nada disso. Vou banir a música pop-rock do mundo. Esta malta começa a idolatrar falsos deuses como o Bono ou assim. Que raio é que o Bono fez para merecer ser idolatrado? Ajudou uns pobrezinhos? Boo-hoo, estou mesmo comovido! Acho que vou começar a chorar.
OIM- Sua Santidade, contenha-se!
PBXVI- Mas os portugueses não sabem perceber o sarcasmo? Já foi a mesma coisa com o D. José Policarpo, sempre a levar-me a sério!
OIM- E contra a ópera, tem alguma coisa?
PBXVI- Acho que é óbvio. Ninguém gosta de mulheres gordas, muito menos com chapéus de viking.
OIM- Tem alguma coisa, por exemplo, contra o hip-hop?
PBXVI- Claro que não, eles gostam muito de "bling-bling" por lá. Percebo-os perfeitamente. Adoro ouro. Toda a minha casa é banhada a ouro. Ainda por cima idolatram dinheiro. É basicamente o mesmo que a Igreja Católica, só que eles têm mais gajas a abanar o rabo. O resto é exactamente igual.
E o Papa Bento XVI afastou-se, trauteando o hino da Juventude Hitleriana e relembrando os tempos de petiz.
O Inimigo Musical agradece a Benedetto XVI (quase Benito XVI, como um outro grande senhor!), cumprimentando-o à boa maneira fascista, esta entrevista exclusiva e deseja-lhe toda a sorte deste mundo. Sieg heil!
O Inimigo Musical- O que é que o senhor tem contra a música pop-rock?
Papa Bento XVI- Basicamente não gosto do não saberem tocar e dos ritmos básicos 4/4 dos quais já estou farto. Bom, quando começou este revival todo do garage-rock até gostei, comprei uns All Star e tudo, mas hoje em dia não quero nada disso. Vou banir a música pop-rock do mundo. Esta malta começa a idolatrar falsos deuses como o Bono ou assim. Que raio é que o Bono fez para merecer ser idolatrado? Ajudou uns pobrezinhos? Boo-hoo, estou mesmo comovido! Acho que vou começar a chorar.
OIM- Sua Santidade, contenha-se!
PBXVI- Mas os portugueses não sabem perceber o sarcasmo? Já foi a mesma coisa com o D. José Policarpo, sempre a levar-me a sério!
OIM- E contra a ópera, tem alguma coisa?
PBXVI- Acho que é óbvio. Ninguém gosta de mulheres gordas, muito menos com chapéus de viking.
OIM- Tem alguma coisa, por exemplo, contra o hip-hop?
PBXVI- Claro que não, eles gostam muito de "bling-bling" por lá. Percebo-os perfeitamente. Adoro ouro. Toda a minha casa é banhada a ouro. Ainda por cima idolatram dinheiro. É basicamente o mesmo que a Igreja Católica, só que eles têm mais gajas a abanar o rabo. O resto é exactamente igual.
E o Papa Bento XVI afastou-se, trauteando o hino da Juventude Hitleriana e relembrando os tempos de petiz.
O Inimigo Musical agradece a Benedetto XVI (quase Benito XVI, como um outro grande senhor!), cumprimentando-o à boa maneira fascista, esta entrevista exclusiva e deseja-lhe toda a sorte deste mundo. Sieg heil!
quinta-feira, abril 14, 2005
EINSTÜRZENDE NEUBAUTEN SEGUNDO MARGARIDA
O Carlos era moreno, eu gostava dele. Conheci-o um dia destes no Lux. Ele é que me convidou. O CCB é um espaço muito querido para mim, eu luto muito pela cultura e acho que não há coisa melhor que o CCB. Estive lá na inauguração a beber daiquiris e a olhar para o Salvador. Salvador...que memórias me traz aquele Grande Auditório...mas é passado, está tudo no passado. Ele passou por minha casa às 8, de táxi.
Estou com obras nas minhas águas-furtadas no Chiado. Todos os dias os homens das obras fazem barulho. É uma coisa muito má. Estou farta. Já não me lembro das aulas de alemão. Por isso, quando o Carlos me convidou para ver os Einstürzende Neubauten, nem estranhei. Até achei bem, sair de casa a uma terça-feira à noite para escapar ao barulho das obras. Às 8 e meia já estávamos à porta do CCB, para cumprimentar as pessoas todas. Foi aqui que aconteceu a minha primeira desilusão, não encontrei ninguém que conhecesse. Era só gente esquisita. Gente vestida de uma maneira esquisita. Uma coisa é a Moda Lisboa, e na passerelle toda a gente é bonita, mas ali no mundo real não.
Lá fui eu, de mão dada com o Carlos. Entrámos na sala, sentámo-nos. No palco estavam compressores de ar amarelos. Estranho, muito estranho, mas não fazia mal. O Carlos é mesmo muito bonito e tem um corpinho de sonho, por isso não achei mal a estranheza. Lembrou-me os tempos da FLUL, toda a gente era assim naquela altura. Lutei tanto tempo para esquecer isto, tanto, tanto tempo...mas o Carlos era mesmo muito bonito e por isso não fazia mal.
A dada altura entram uns alemães em palco. Velhos, muito velhos, o cabelo do homem da frente era muito esquisito, mas bonito. Gostei dele. O senhor que estava do lado direito dele não era muito bonito e tinha uma camisa interior. Lembrou-me o meu tio Zé, alguém que eu queria esquecer. Anos e anos de aulas de etiqueta e de homens para esquecê-lo...foi aí que me apercebi do óbvio: estes homens em palco nunca compraram roupa na Prada. Não vão a Paris aos saldos. Não é com eles que quero passar uma noite, mas o Carlos...o Carlos era tão bonito...
Foi um concerto de memórias. Lembrou-me a minha infância, a minha adolescência, a faculdade. Tudo aquilo mau que fez de mim aquilo que sou hoje. E não foi só isso. Os homens batiam em metal, faziam muito barulho, e eu queria era escapar das obras. Escapar do barulho do Chiado, da Lisboa que amo mas que farta. Eles diziam coisas que eu não percebia, o meu alemão já vai longe e o meu inglês só para dar títulos aos meus livros.
Tocaram durante muito tempo, aquele barulho insuportável só me deixava olhar para a cara do Carlos. O Carlos era tão bonito, e valia tanto a pena. No intervalo de 20 minutos entre as duas partes do concerto tudo se desmoronou à minha volta. Aconteceu. O Carlos revelou-me o grande segredo. Bem, não chegou a revelar, fui eu que descobri, e isso acabou com tudo. Morreu ali a paixão. Estávamos a conversar e eu pedi para ver a fotografia do bilhete de identidade dele. Ele tirou a carteira e tinha lá dentro um cartão LisboaViva. O homem nem carta de condução tem. Não tem carro, não tem dinheiro. Vi melhor e estava lá o nome completo dele. O Carlos chama-se Carlos Manuel. Passei a segunda hora do concerto chateada com ele, e logo que houve oportunidade saí.
Alemães velhos e homens sem dinheiro e nomes estranhos. Não quero mais isto. Odeio Belém, lá perdi um homem e voltei ao passado. Isso é muito, muito mau. Apanhei um táxi, demorei imenso tempo para encontrar um, e voltei para o Chiado. As minhas águas-furtadas podem estar em obras, podem ser barulhentas, mas aqui não existem alemães, só imigrantes de Leste mal pagos. E são minhas. As águas-furtadas são minhas.
Estou com obras nas minhas águas-furtadas no Chiado. Todos os dias os homens das obras fazem barulho. É uma coisa muito má. Estou farta. Já não me lembro das aulas de alemão. Por isso, quando o Carlos me convidou para ver os Einstürzende Neubauten, nem estranhei. Até achei bem, sair de casa a uma terça-feira à noite para escapar ao barulho das obras. Às 8 e meia já estávamos à porta do CCB, para cumprimentar as pessoas todas. Foi aqui que aconteceu a minha primeira desilusão, não encontrei ninguém que conhecesse. Era só gente esquisita. Gente vestida de uma maneira esquisita. Uma coisa é a Moda Lisboa, e na passerelle toda a gente é bonita, mas ali no mundo real não.
Lá fui eu, de mão dada com o Carlos. Entrámos na sala, sentámo-nos. No palco estavam compressores de ar amarelos. Estranho, muito estranho, mas não fazia mal. O Carlos é mesmo muito bonito e tem um corpinho de sonho, por isso não achei mal a estranheza. Lembrou-me os tempos da FLUL, toda a gente era assim naquela altura. Lutei tanto tempo para esquecer isto, tanto, tanto tempo...mas o Carlos era mesmo muito bonito e por isso não fazia mal.
A dada altura entram uns alemães em palco. Velhos, muito velhos, o cabelo do homem da frente era muito esquisito, mas bonito. Gostei dele. O senhor que estava do lado direito dele não era muito bonito e tinha uma camisa interior. Lembrou-me o meu tio Zé, alguém que eu queria esquecer. Anos e anos de aulas de etiqueta e de homens para esquecê-lo...foi aí que me apercebi do óbvio: estes homens em palco nunca compraram roupa na Prada. Não vão a Paris aos saldos. Não é com eles que quero passar uma noite, mas o Carlos...o Carlos era tão bonito...
Foi um concerto de memórias. Lembrou-me a minha infância, a minha adolescência, a faculdade. Tudo aquilo mau que fez de mim aquilo que sou hoje. E não foi só isso. Os homens batiam em metal, faziam muito barulho, e eu queria era escapar das obras. Escapar do barulho do Chiado, da Lisboa que amo mas que farta. Eles diziam coisas que eu não percebia, o meu alemão já vai longe e o meu inglês só para dar títulos aos meus livros.
Tocaram durante muito tempo, aquele barulho insuportável só me deixava olhar para a cara do Carlos. O Carlos era tão bonito, e valia tanto a pena. No intervalo de 20 minutos entre as duas partes do concerto tudo se desmoronou à minha volta. Aconteceu. O Carlos revelou-me o grande segredo. Bem, não chegou a revelar, fui eu que descobri, e isso acabou com tudo. Morreu ali a paixão. Estávamos a conversar e eu pedi para ver a fotografia do bilhete de identidade dele. Ele tirou a carteira e tinha lá dentro um cartão LisboaViva. O homem nem carta de condução tem. Não tem carro, não tem dinheiro. Vi melhor e estava lá o nome completo dele. O Carlos chama-se Carlos Manuel. Passei a segunda hora do concerto chateada com ele, e logo que houve oportunidade saí.
Alemães velhos e homens sem dinheiro e nomes estranhos. Não quero mais isto. Odeio Belém, lá perdi um homem e voltei ao passado. Isso é muito, muito mau. Apanhei um táxi, demorei imenso tempo para encontrar um, e voltei para o Chiado. As minhas águas-furtadas podem estar em obras, podem ser barulhentas, mas aqui não existem alemães, só imigrantes de Leste mal pagos. E são minhas. As águas-furtadas são minhas.